Relatório climático confirma: em 2024, temperatura média global ultrapassou a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industrialização
Documento baseado em evidências científicas aponta estado crítico do aquecimento global

C3S/ECMWF

Anomalias da temperatura do ar na superfície para 2024 em relação à média do período de referência de 1991-2020 (Dados do ERA5)

13 de janeiro de 2025, 14:26

Fonte

Júlio Bernardes, Jornal da USP

Publicação Original

Jornal da USP

Áreas

Ciência Ambiental, Clima, Engenharia Ambiental, Geociências, Gestão Ambiental, Modelagem Climática, Monitoramento Ambiental, Mudanças Climáticas, Oceanografia, Saúde Ambiental, Sustentabilidade

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Resumo

Último relatório divulgado pelo Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) confirmou que, no ano de 2024, a temperatura média global ultrapassou a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industrialização.

Aproximadamente 44% da superfície do planeta foi afetada por estresse térmico forte e extremo, sendo que as ações humanas continuam a ser a principal causa das mudanças climáticas.

O Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) divulgou recentemente um relatório em que confirma que 2024 foi o ano mais quente já registrado mundialmente e o primeiro em que a temperatura média global ultrapassou a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industrialização. O número era o limite de elevação determinado no Acordo de Paris para evitar desastres climáticos mais graves.

O C3S é coordenado pela Comissão Europeia e pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), cujos cientistas têm monitorado os principais indicadores climáticos e reunido dados de temperatura diários, mensais e anuais sem precedentes ao longo do ano passado.

Aproximadamente 44% da superfície do planeta foi afetada por estresse térmico forte e extremo, a temperatura da superfície do mar chegou a 20,87°C, valor acima da média dos últimos 30 anos, além da quantidade de vapor de água na atmosfera ter subido 5%.

De acordo com o documento, as mudanças induzidas pelo homem continuam a ser a principal causa das alterações climáticas, ao lado de outros fatores – como o El Niño Oscilação Sul (Enos) – que contribuíram para as temperaturas incomuns observadas durante o ano, resultando no agravamento de incêndios florestais e inundações de grande porte.

“O Copernicus compara [os dados] com registros que começaram em 1850, mas na verdade, estudos arqueológicos comprovam que nunca a temperatura foi tão alta desde o último período interglacial, há 125 mil anos”, disse o Dr. Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Esse relatório é muito preocupante, porque ele confirma o que já vinha acontecendo desde 2023, quando a temperatura sofreu um grande aumento; os cientistas previam aumento de 1,3°C por causa do Enos, o terceiro El Niño mais forte do registro histórico, que foi de meados de 2023 até abril de 2024, mas já em 2023 ele chegou perto de 1,5°C

Dr. Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP

De acordo com o relatório, 2024 foi o ano mais quente nos registros de temperatura global desde 1850. O conjunto de dados de reanálise global ERA5 do C3S indicou que a temperatura média global [em 2024] foi de 15,10°C, 0,72°C acima da média entre 1991 e 2020, e 0,12°C acima de 2023, o ano mais quente registrado anteriormente, o que equivale a 1,6°C acima da estimativa da temperatura de 1850 a 1900, designada como o nível pré-industrial. Um novo recorde de temperatura média global diária foi alcançado em 22 de julho de 2024, com 17,16°C.

O documento relata que os últimos dez anos, entre 2015 e 2024, foram os mais quentes já registrados. A temperatura média global mensal excedeu 1,5°C acima dos níveis pré-industriais em todos os meses desde julho de 2023, exceto em julho do ano passado. O ano de 2024 foi o mais quente para todas as regiões continentais, exceto a Antártida e a Australásia, bem como para partes consideráveis do oceano, particularmente o Oceano Atlântico Norte, o Oceano Índico e o Oceano Pacífico ocidental.

“A resposta às mudanças climáticas deve basear-se em evidências. O futuro está nas nossas mãos, uma ação rápida e decisiva ainda pode alterar a trajetória do nosso clima”, enfatizou o Dr. Carlo Buontempo, diretor do C3S.

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Autores/Pesquisadores Citados

Dr. Carlos Nobre

Climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP

Dr. Carlo Buontempo

Diretor do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S)

Instituições Citadas

Mais Informações

Acesse o Annual Summary of the Global Climate – Global Climate Highlights (em inglês).

Acesse a notícia original completa na página do Jornal da USP.

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