
Fonte
Universidade de Otago
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Resumo
Até agora, os estágios de progressão epidemiológica da Doença Inflamatória Intestinal (DII) permaneciam teóricos, faltando indicadores numéricos específicos para definir os pontos de transição epidemiológica.
Mas, recentemente, uma pesquisa multicêntrica analisou dados reais de 522 estudos populacionais abrangendo 82 regiões globais e abrangendo mais de um século (1920-2024), mostrando claramente as transições espaço-temporais entre os quatro estágios de progressão epidemiológica das doenças conhecidas como DII.
Compreender a evolução da DII em todos os estágios epidemiológicos permite que os sistemas de saúde antecipem a futura carga global da DII que, segundo os cientistas, pode ser considerável em todo o mundo, nas próximas décadas.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A DII, que inclui a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, causa ulceração crônica e inflamação intestinal. Seu pico de manifestação ocorre entre 20 e 40 anos de idade, com uma série de sintomas que persistem por toda a vida, como sangramento retal, dor abdominal, muco nas fezes, diarreia, perda de peso, febre e inflamação de outros órgãos, incluindo olhos, pele e articulações.
O tratamento para DII geralmente envolve terapia medicamentosa ou, em alguns casos graves, cirurgia.
Estudo
Um estudo internacional identificou quatro estágios distintos associados ao crescimento global da Doença Inflamatória Intestinal (DII), com a previsão de que o número de casos pode aumentar significativamente até 2045.
O estudo epidemiológico, publicado na revista científica Nature e o maior já realizado sobre DII, foi liderado por pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, e da Chinese University of Hong Kong, e envolveu 66 pesquisadores em todo o mundo. A colaboração analisou um século de dados históricos de mais de 500 estudos em 80 regiões de todo o mundo.
Do Brasil, participaram do estudo o Dr. Paulo Gustavo Kotze, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e também o Dr. Abel Botelho Quaresma, professor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
O Dr. Richard Gearry, professor do Departamento de Medicina da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, e coautor da pesquisa, afirmou que o estudo histórico mapeia o crescimento global da DII ao longo do tempo e da geografia, identificando sua evolução.
“Este importante estudo identificou, pela primeira vez, quatro estágios distintos de desenvolvimento da DII em todo o mundo, fornecendo uma estrutura que, espera-se, permitirá que sistemas de saúde como o nosso antecipem e gerenciem melhor a crescente carga da DII na comunidade”, afirmou o pesquisador.
Para acompanhar o aumento da demanda, nosso sistema de saúde precisa planejar com antecedência e investir mais em cuidados projetados para atender especificamente às necessidades das pessoas com DII. Também precisamos nos concentrar em mais prevenção, pesquisa e intervenção precoce. Muitos pacientes enfrentam anos de atraso no diagnóstico, resultando em desfechos piores, e é por isso que mais recursos e investimentos são extremamente necessários
Resultados
O estudo analisou a incidência e a prevalência de casos de DII, demonstrando que a DII progride por quatro estágios distintos e previsíveis.
O primeiro estágio é chamado de ‘Emergência’, atualmente vivenciado nos países de menor renda da África, Ásia e América Latina, onde tanto a incidência quanto a prevalência são esporádicas.
Regiões economicamente mais ricas da África, Leste Asiático, Oriente Médio e América Latina são classificadas como estando no segundo estágio, chamado de ‘Aceleração da Incidência’. Este estágio é marcado por um rápido aumento de novos diagnósticos, embora a prevalência geral permaneça baixa. Aumentar a conscientização sobre a DII, melhorar o diagnóstico e garantir o acesso a profissionais de saúde treinados e ferramentas de diagnóstico, como a colonoscopia, são considerados vitais neste estágio.
Países altamente industrializados, como Nova Zelândia, outras partes da Oceania, América do Norte e Europa, são classificados como estando no terceiro estágio, chamado de ‘Prevalência Composta’.
O terceiro estágio apresenta um número crescente de pessoas vivendo com DII, incluindo uma proporção crescente de idosos. A incidência se estabiliza, mas o número de pessoas vivendo com DII aumenta constantemente, devido ao fato de a DII ser tipicamente diagnosticada em adultos jovens e estar associada a baixa mortalidade, permitindo que a população afetada se acumule ao longo do tempo.
O quarto estágio, chamado de ‘Equilíbrio de Prevalência’, acontece quando o envelhecimento da população com DII e a mortalidade relacionada à idade começam a equilibrar o número de novos diagnósticos. Como resultado, o crescimento da DII desacelera e pode eventualmente estagnar.
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Autores/Pesquisadores Citados
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