
Fonte
Antônio Rodrigues da Silva Neto, UFSCar
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em uma pesquisa conjunta entre pesquisadores do Brasil e da França, novos compostos estão sendo desenvolvidos como futuros fármacos para quimioterapia.
Os desafios da pesquisa incluem aumento da efetividade contra as células cancerosas, mas com alta sensibilidade, ou seja, afetando o mínimo possível as células saudáveis.
Os resultados publicados até aqui mostram uma resposta altamente potente se comparada à resposta da cisplatina – atualmente muito usada na quimioterapia – mas ainda com baixa seletividade.
O aumento da seletividade dos potenciais novos fármacos tem sido um dos objetivos atuais de estudo do grupo de pesquisadores.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Nos últimos anos, tem sido grande a busca por fármacos alternativos para o tratamento por quimioterapia contra o câncer.
Em relação aos compostos de platina – como a cisplatina, amplamente utilizada atualmente – a busca dos cientistas é por soluções que tenham menos toxicidade e mais seletividade, ou seja, que ataquem especificamente células cancerosas, sem afetar células saudáveis.
Outro desafio observado atualmente é que pacientes que passam por quimioterapia podem desenvolver resistência ao fármaco durante o tratamento, diminuindo sua efetividade conforme o tratamento avança.
Estudo
Pesquisa recente realizada sob a liderança do Dr. Alzir Azevedo Batista, professor do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com o grupo de pesquisa do Dr. Gilles Gasser, professor da Escola Nacional Superior de Química de Paris (Chimie ParisTech) da Universidade Paris PSL, na França, mostrou resultados promissores com um conjunto de compostos do tipo Rutênio(II)-fosfina (complexos metálicos de rutênio coordenados a ligantes contendo átomos de fósforo) como fármacos para a quimioterapia.
Durante o pós-doutorado do Dr. Marcos Vinícius Palmeira de Mello no Laboratório de Estrutura e Reatividade de Compostos Inorgânicos (LERCI) da UFSCar, foram sintetizados, caracterizados e testados diferentes compostos quanto à estabilidade química e citotoxicidade em diversas linhagens celulares, inclusive de câncer de pulmão.
O estudo foi publicado na revista científica ChemBioChem.
Esses [novos] compostos afetam principalmente as mitocôndrias, provocando a perda do potencial da membrana mitocondrial e alterando drasticamente o consumo de oxigênio celular, o que compromete a produção de energia e pode levar as células ao colapso
Resultados
Dois dos compostos testados pelos pesquisadores apresentaram resultados positivos na eliminação de células cancerígenas, mostrando-se bem mais potentes que a cisplatina usada atualmente.
Além de serem citotóxicos, os novos compostos dificultam a proliferação e migração das células cancerosas, afetando diretamente as mitocôndrias das células.
Apesar dos bons resultados, o Dr. Marcos Vinícius Palmeira deixou claro que a seletividade dos compostos ainda precisa ser melhorada, já que células saudáveis também ainda são atacadas pelos fármacos, de maneira semelhante ao que acontece com a cisplatina. E este é justamente um dos focos dos estudos atuais: melhorar a seletividade dos compostos, reduzindo seus efeitos subjacentes.
Os resultados indicaram que os compostos de rutênio têm potencial para se tornar uma alternativa promissora para tratamentos mais eficazes e com menos efeitos adversos do que as terapias atuais.
No entanto, é importante destacar que os estudos ainda estão em fase inicial e foram conduzidos apenas em células cultivadas em laboratório (in vitro).
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica ChemBioChem (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de São Carlos.
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