
Gustavo Diehl, UFSC
Mestranda Bruna Espíndola da Silva no Laboratório de Pesquisas Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
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Amanda Miranda, Agecom UFSC
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Resumo
Pesquisadores do Laboratório de Pesquisas Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) têm realizado estudos sobre a composição e os riscos associados aos cigarros eletrônicos.
Uma das pesquisas envolve um novo método para capturar o vapor do cigarro usando fibra de coco. Posteriormente, usando um equipamento de cromatografia, os pesquisadores podem identificar e analisar os efeitos das substâncias encontradas sobre a saúde humana.
Já em um estudo de revisão da literatura, os pesquisadores identificaram o impacto dos cigarros eletrônicos na saúde de adolescentes entre 12 e 19 anos. Os achados clínicos demonstraram um envolvimento respiratório significativo, muitas vezes precedido por sintomas gastrointestinais.
Em publicações científicas que detalharam a composição dos líquidos dos ‘vapes’, o óleo de THC foi a substância que mais apareceu – estava presente em mais de 80% dos dispositivos.
Uma pesquisa em andamento no Laboratório de Pesquisas Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob coordenação da professora Camila Marchioni, pretende desvendar uma das lacunas científicas sobre a composição do vapor dos cigarros eletrônicos – os chamados ‘vapes’ – que é o que tem contato direto com as vias respiratórias dos usuários.
Bruna Espíndola da Silva, mestranda no Programa de Pós-graduação em Farmacologia da UFSC, está desenvolvendo um método para capturar o vapor do cigarro usando fibra de coco. Com auxílio de um solvente, as moléculas são retiradas da fibra de coco e levadas a um equipamento de cromatografia, que separa e identifica os componentes. Essa análise pode determinar o quanto estes compostos podem prejudicar a saúde humana.
Atualmente, as análises feitas pelo grupo de pesquisa tomam como base o que está presente no líquido que compõe o vape, que pode ser uma mistura de vários compostos, incluindo ingredientes que viabilizam a vaporização. A nicotina e a cannabis são, também, comumente associadas a substâncias aromatizantes. O estudo pode contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas para alertar sobre os riscos dos dispositivos ‘vape’ à saúde.
A professora explicou que a base do líquido usado nos cigarros eletrônicos é uma mistura de propilenoglicol e glicerina. É a partir desta mistura que os compostos são combinados, podendo resultar em uma ampla gama de produtos. De acordo com a Dra. Camila Marchioni, há uma complexidade química significativa nestes dispositivos, e mais de 2.000 substâncias já foram identificadas.
Recentemente, os estudos realizados no laboratório em parceria com a Polícia Científica de Santa Catarina identificaram até mesmo anfetamina nos cigarros eletrônicos, em pelo menos dez amostras diferentes analisadas.
O cigarro eletrônico não é permitido no Brasil, ele é um dispositivo proibido, que não pode ser comercializado, não pode ter propaganda. Então, quem está vendendo, está vendendo um produto ilícito, sem controle de qualidade e que pode ter qualquer substância ali dentro
A equipe de pesquisa também realizou um trabalho de revisão da literatura para descobrir o impacto dos cigarros eletrônicos na saúde de adolescentes entre 12 e 19 anos e identificou 58 relatos no mundo, a maior parte nos Estados Unidos, onde a ‘Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarros Eletrônicos ou Vaporização’ começou a se intensificar a partir de 2019.
Os achados clínicos demonstraram um envolvimento respiratório significativo, muitas vezes precedido por sintomas gastrointestinais. Febre, falta de ar e tosse são os sintomas que mais apareceram entre os quadros estudados cientificamente no mundo todo. Náuseas, vômitos e oxigenação prejudicada também registram predominância. A professora considera preocupante o fato de esses danos englobarem sujeitos que consumiram os cigarros em média apenas por um ano e sete meses.
Nos casos em que houve biópsia do pulmão, os médicos observaram um tipo de lesão chamado bronquiolite proliferativa com pneumonia em organização. Além da inflamação, foram notados sinais de endurecimento e cicatrização, além de um remodelamento estrutural do tecido pulmonar, o que pode indicar que o dano estava se tornando permanente.
Os casos estudados destacaram o papel significativo da cannabis (THC) associada ao uso de cigarros eletrônicos, especialmente nos casos de lesão pulmonar grave. Em quase 70% dos casos, os jovens relatam uso concomitante.
Além disso, em 22 publicações científicas que detalharam a composição dos ‘vapes’, o óleo de THC foi a substância que mais apareceu – estava presente em mais de 80% dos dispositivos.
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