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Pesquisadores desvendam o papel da enzima Mpro no desenvolvimento de trombose em casos de COVID-19
11 de agosto de 2025, 17:18

Fonte

Universidade de Pádua

Publicação Original

Áreas

Biologia, Biomedicina, Bioquímica, Desenvolvimento de Fármacos, Engenharia Biológica, Epidemiologia, Farmacologia, Hematologia, Imunologia, Medicina, Microbiologia, Patologia, Proteômica, Vacinas, Virologia

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Resumo

A coagulação é um processo fisiológico projetado para prevenir a perda de sangue do sistema cardiovascular; no entanto, se ativada de forma anormal, pode formar coágulos patológicos (trombos), o que pode causar a oclusão de vasos sanguíneos e a necrose de tecidos.

A pandemia de COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, evidenciou a associação entre infecção viral grave e complicações trombóticas e a forte correlação entre o início de complicações trombóticas e mortalidade.

Em casos graves de COVID-19, há uma forte ativação da resposta imune inata e uma liberação maciça de proteínas e peptídeos pró-inflamatórios (citocinas e bradicinina), que, por sua vez, ativam a coagulação. A infecção por SARS-CoV-2 aumentaria, portanto, indiretamente o risco de trombose, induzindo um forte estado inflamatório.

Embora a hipercoagulabilidade sanguínea seja uma característica da COVID-19, os mecanismos moleculares pelos quais as infecções por SARS-CoV-2 desencadeiam a ativação da coagulação ainda não são totalmente compreendidos.

Recentemente, uma equipe de pesquisa da Universidade de Pádua, na Itália, em colaboração com cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), na Suíça, demonstrou que o vírus também pode ativar diretamente a cascata de coagulação e causar a formação de trombos. Isso é feito por meio da principal protease, a Mpro, uma enzima capaz de romper ligações químicas em proteínas.

Especificamente, a Mpro produz  subunidades proteicas que formam a camada proteica essencial para a sobrevivência do vírus. A Mpro, como demonstrado anteriormente, pode ser liberada do vírus para o espaço extracelular e circular no sangue e em outros fluidos biológicos. A Mpro representa um alvo molecular útil para o desenvolvimento de novos fármacos capazes de inibir a enzima e bloquear a maturação viral.

“Em condições fisiológicas, a coagulação é desencadeada pela exposição de proteínas encontradas no revestimento interno dos vasos sanguíneos, ativando os fatores de coagulação VII e XII. Em nosso trabalho, demonstramos que a Mpro causa a coagulação do plasma humano”, comentou o Dr. Vincenzo De Filippis, coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Pádua.

“Especificamente, a Mpro é capaz de ativar fatores de coagulação exatamente nas mesmas ligações peptídicas que são clivadas em condições fisiológicas e causam a coagulação do sangue. Além disso, a Mpro é produzida pelo vírus SARS-CoV-2”, enfatizou o professor De Filippis.

“Os coronavírus apresentam um alto grau de mutabilidade genética e, por essa razão, são os principais candidatos a novas infecções virais em larga escala que podem surgir no futuro. O estudo, que identifica um possível mecanismo pelo qual infecções graves por SARS-CoV-2 causam trombose, nos leva a crer que o desenvolvimento de medicamentos capazes de inibir a Mpro não apenas bloquearia a maturação e a replicação do vírus, mas também evitaria os efeitos trombóticos associados à infecção pelo coronavírus”, concluiu o professor.

Os resultados foram publicados na revista científica Communications Biology.

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Autores/Pesquisadores Citados

Professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Pádua

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