
Fonte
Jean Silva e Tabita Said, Jornal da USP
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Resumo
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP) procurou contribuir para a redução da poluição por plásticos, através da formulação de um novo biopolímero à base de alginato de sódio reforçado com subprodutos da indústria de suco de laranja.
Os pesquisadores usaram óleos essenciais, fibras, bagaço, sementes e cascas – ricos em polifenóis, pectinas e flavonoides – para o desenvolvimento do novo plástico biodegradável, que pode contribuir com a economia circular e transformar resíduos que poderiam impactar negativamente o meio ambiente em novo material ambientalmente mais adequado.
Mais estudos ainda são necessários para a produção em escala do novo biopolímero, mas os bons resultados obtidos até aqui em termos de propriedades térmicas e mecânicas animaram os pesquisadores.
A poluição por plásticos é um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta atualmente. A reciclagem ainda não tem um impacto tão significativo quanto esperado, e o lixo plástico produzido ainda afeta o meio ambiente e a saúde humana de várias maneiras.
Uma potencial solução para este problema seria a produção de biopolímeros, plásticos biodegradáveis produzidos a partir de resíduos orgânicos e com menor impacto ambiental.
Alinhado a estas tecnologias inovadoras, Pedro Henrique Bezerra desenvolveu biofilmes à base de alginato de sódio reforçados com subprodutos da indústria de suco de laranja em seu mestrado em Ciências e Engenharia de Materiais na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP).
Subprodutos da indústria de sucos de laranja incluem óleos essenciais, fibras, bagaço, sementes e cascas ricos em polifenóis, pectinas e flavonoides – compostos com propriedades antioxidantes e prebióticas. Além de subaproveitados, estes resíduos geram enorme impacto ambiental.
Os pesquisadores desenvolveram e caracterizaram o pó de subproduto de laranja obtido da produção de sucos industriais, assim como também o bioplástico de alginato de sódio, que foi reforçado com o pó. Os resultados constataram que o material contém uma quantidade substancial de proteínas, fibras, minerais e grupos funcionais, além de exibir resistência térmica superior em comparação a outros produtos análogos.
Subprodutos descartados por setores industriais, como o de suco de laranja, representam recursos valiosos que são frequentemente subutilizados, com potencial de aproveitamento na produção de novos materiais sustentáveis
Os resultados das propriedades mecânicas surpreenderam positivamente os pesquisadores e destacaram o potencial do biomaterial para embalagens sustentáveis, que pode contribuir na redução da poluição por plásticos.
Com o bioplástico obtido da produção de suco de laranja industrial, o projeto alinha-se com as metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma vez que o Brasil se destaca como o maior produtor e exportador mundial de laranja.
O intuito do material criado por Pedro Bezerra é reforçar o biofilme e agregar valor aos resíduos industriais, além de contribuir com a economia circular.
Durante a pesquisa, o pó de subproduto de laranja foi armazenado sob refrigeração para caracterização das propriedades físico-químicas, composição química, composição mineral, medidas de cor, distribuição granulométrica, propriedades estruturais e térmicas, além de presença de pesticidas.
“Dois desses pesticidas estavam acima do limite permitido. Geralmente, os resíduos não são caracterizados quanto à presença de pesticidas, mas abrimos caminho para futuras pesquisas e aplicações garantirem um material seguro para uso em diversas finalidades“, ressaltou o pesquisador.
A Dra. Fernanda Vanin, orientadora da pesquisa e professora da FZEA-USP, destacou que os entraves para a comercialização de novos bioplásticos vão além da ciência. “A falta de um esforço global coordenado dificulta o avanço de soluções concretas para o problema dos plásticos”, concluiu a professora.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse a dissertação de mestrado Desenvolvimento de biofilmes à base de alginato de sódio reforçados com subproduto da produção do suco de laranja.
Acesse a notícia original completa na página do Jornal da USP.
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