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Thiago Sergio Pedroso e Rafael Tadashi, Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pessoas que têm contato frequente com o solo podem estar sujeitas a um tipo de micose pulmonar chamada Paracoccidioidomicose, causada por fungos do gênero Paracoccidioides e que pode evoluir para formas graves, tornando-se uma infecção sistêmica.
A partir da descoberta da espécie do fungo causador da doença, pesquisadores estão agora desenvolvendo um antígeno laboratorial específico, já que os exames sorológicos disponíveis no SUS não detectam essa espécie de fungo.
O novo antígeno deve ser entregue ao Ministério da Saúde no final de 2025.
A Paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose pulmonar causada por fungos do gênero Paracoccidioides, que afeta principalmente trabalhadores rurais, garimpeiros e pessoas em contato frequente com o solo.
Ao ser inalado e penetrar nos pulmões, os esporos se transformam na forma parasitária e provocam a doença. Embora em muitos casos a manifestação seja pulmonar, a infecção pode se espalhar para outros órgãos, incluindo pele, ossos, olhos e até o sistema nervoso central – quadro conhecido como neuroparacoccidioidomicose, a forma mais grave da doença.
Pacientes com a doença apresentam sintomas clínicos clássicos – como tosse persistente, lesões na mucosa oral e nasal, aumento de gânglios cervicais e emagrecimento acentuado -, ainda que com exames sorológicos negativos.
Depois de anos de estudos, pesquisadores identificaram a espécie Paracoccidioides lutzii como um dos agentes causadores da micose – além do fungo Paracoccidioides brasiliensis – em publicações científicas nos anos de 2013 e 2014. Naquela época, a equipe contou com pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade de Brasília (UnB) e Instituto de Biociências da UNESP em Botucatu.
Mas, ainda hoje, os exames sorológicos disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) utilizam antígenos que não reconhecem essa nova espécie de fungo, o que pode gerar resultados falso-negativos e comprometer o diagnóstico e o acompanhamento adequado dos pacientes.
Neste cenário, pesquisadores da UFMT e do Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT/Ebserh) estão desenvolvendo um antígeno laboratorial específico capaz de detectar tanto o P. lutzii quanto outras espécies do complexo Paracoccidioides.
Nosso objetivo é oferecer uma solução mais precisa, que fortaleça os serviços de vigilância e diagnóstico em todo o país, especialmente nos laboratórios públicos que lidam com doenças endêmicas
A nova tecnologia deve beneficiar os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) em diversos estados e facilitar o trabalho de profissionais que atuam em regiões onde a infraestrutura laboratorial é limitada.
“Além de ampliar a capacidade de diagnóstico, esse antígeno permitirá que os pacientes sejam monitorados com mais precisão durante o tratamento, com exames seriados que indicam a evolução clínica”, explicou a Dra. Rosane Hahn, coordenadora da pesquisa e pós-doutora em micologia médica.
A previsão é que o antígeno seja entregue ao Ministério da Saúde no final de 2025.
Os pesquisadores também destacaram a importância da formação de recursos humanos em micologia médica e da integração entre pesquisa científica e assistência à saúde.
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