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Resumo
Uma abordagem inédita surge como alternativa promissora para diagnosticar e tratar a depressão: o uso de biomarcadores inflamatórios para identificar subgrupos específicos de pacientes e a aplicação subcutânea da cetamina como tratamento de efeito rápido.
A proposta está estruturada em um protocolo padronizado, fundamentado em evidências científicas e prática clínica.
Para o estudo, conduzido durante o doutorado de Ana Paula Anzolin no Programa de Pós-graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foram selecionados 26 pacientes oriundos do Hospital de Clínicas da UFRGS e do Hospital Moinhos de Vento, que foram inseridos em um protocolo naturalístico. O protocolo foi dividido em duas fases: uma primeira fase aguda, e uma segunda fase de consolidação.
Já nas primeiras aplicações do protocolo, os pacientes apresentaram uma queda expressiva nos escores de ideação suicida, medida pela escala Columbia. Essa resposta rápida é um dos principais diferenciais da cetamina em comparação aos antidepressivos convencionais, que costumam levar semanas para surtir efeito.
Também foi observada uma redução nos escores da escala MADRS, utilizada para avaliar sintomas depressivos. Além dos números, os relatos apontaram melhoras funcionais significativas, como a retomada do sono, da alimentação e do convívio social.
Paralelamente, está em andamento uma análise proteômica, técnica que permite identificar e quantificar proteínas em amostras biológicas, para investigar possíveis alterações associadas à inflamação e à resposta antidepressiva.
Por aliar acessibilidade, estudos prévios e segurança prática, foi escolhida a aplicação da cetamina por via subcutânea, em vez da via intravenosa. Em termos de custo, a administração subcutânea se mostrou mais barata e simples, especialmente em contextos com recursos limitados. Estudos internacionais, que serviram de base para a construção do protocolo, também apontavam a eficácia da via subcutânea. Do ponto de vista da segurança, o método exige menos estrutura hospitalar e pode ser realizado com segurança, desde que conduzido por profissionais capacitados.
Durante o estudo, os pesquisadores também registraram a primeira descrição na literatura científica de reação alérgica à cetamina por via subcutânea. Um paciente apresentou urticária no tronco e na face após uma das aplicações, mas o caso foi tratado com prednisolona e não teve desdobramentos mais graves.
Outro ponto de atenção foi a janela terapêutica estreita da substância. Doses acima do necessário podem provocar efeitos anestésicos, o que exige ajuste preciso e acompanhamento contínuo. Além disso, como a cetamina pode desencadear efeitos psicoativos e dissociativos, principalmente em doses mais elevadas, a equipe também se preocupou em oferecer um ambiente acolhedor durante o tratamento.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse a notícia original completa na página do Jornal da Universidade UFRGS.
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