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Universidade Monash
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Resumo
Um estudo internacional e colaborativo de revisão sobre ondas de calor, abrangendo o período entre os anos de 1990 e 2023, alerta para a necessidade de refinar estratégias de enfrentamento à condição climática cada vez mais comum.
No estudo, os pesquisadores utilizaram tanto a temperatura tradicional quanto a temperatura de bulbo úmido do globo (WBGT), que considera umidade, radiação solar e vento.
A revisão constatou que as estratégias atuais de redução de risco permanecem inadequadas, o que levou os cientistas a recomendar uma estrutura que integra estratégias internacionais, nacionais, comunitárias e individuais para melhorar a resiliência ao calor, oferecendo orientações práticas para governos e sistemas de saúde em todo o mundo.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Eventos de calor extremo são caracterizados por altas temperaturas e durações prolongadas, e são normalmente classificados como ondas de calor se durarem pelo menos dois ou três dias consecutivos.
A exposição prolongada ao calor pode levar à perda excessiva de líquidos e eletrólitos, resultando em desidratação, que pode evoluir para condições mais graves.
O calor extremo pode atingir e agravar doenças cardíacas e respiratórias, doenças infecciosas, distúrbios renais e doenças metabólicas, e também está associado a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Estudo
Um novo estudo de revisão sobre ondas de calor – uma colaboração entre uma equipe internacional de especialistas de várias instituições – foi liderado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva da Universidade Monash, na Austrália, e publicado na revista científica Annual Review of Environment and Resources. O estudo considerou dados entre 1990 e 2023.
Durante os primeiros 17 anos (1990-2006), o número médio anual de dias de onda de calor foi de 12 dias. No entanto, entre 2007 e 2023, a frequência das ondas de calor aumentou, com o número médio anual subindo para 19,3 dias. Foi observado um claro aumento global nos dias de onda de calor, especialmente na África, Oriente Médio e partes da Ásia.
Ao contrário de outras revisões, para medir as mudanças nos eventos de calor extremo ao longo do tempo e da localização, os pesquisadores utilizaram a temperatura ambiente e a temperatura de bulbo úmido do globo (WBGT), que considera umidade, radiação solar e vento.
A Dra. Shuang Zhou, pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Saúde Pública e Medicina Preventiva da Universidade Monash e primeira autora do estudo, afirmou que, pela primeira vez, foi mapeada a distribuição global de eventos de calor extremo usando tanto a temperatura tradicional quanto a temperatura de bulbo úmido do globo, que incorpora a umidade.
“Isso é importante porque a umidade amplifica drasticamente o estresse térmico e os riscos à saúde, especialmente em populações vulneráveis. Nossa revisão vai além da descrição de impactos – também propomos uma estrutura multinível para melhorar a preparação para o calor em todos os níveis, desde a política internacional até a ação individual”, disse a pesquisadora.
Nossas descobertas destacam não apenas os efeitos severos e generalizados do calor e da umidade na saúde, mas também a distribuição desigual dos sistemas de proteção. Muitos países de baixa e média renda continuam despreparados. Precisamos urgentemente de sistemas de saúde relacionados ao calor mais fortes e equitativos que reflitam as realidades de um mundo em aquecimento e umidificação
Resultados
A revisão destacou os efeitos diretos e indiretos do calor extremo na saúde humana, incluindo doenças relacionadas ao calor, doenças cardiorrespiratórias, doenças infecciosas, distúrbios renais, doenças metabólicas, distúrbios de saúde mental e desfechos adversos na gravidez e no parto. Além disso, o calor extremo também prejudica a produção e o consumo de energia, resultando em perdas econômicas e maiores impactos à saúde.
O Dr. Yuming Guo, professor de Saúde Ambiental Global e Bioestatística da Universidade Monash e autor sênior do estudo, afirmou que o calor extremo não é mais um problema do futuro, mas sim uma ameaça presente e crescente.
A revisão destacou que os eventos de calor extremo estão se intensificando em todo o mundo, com focos de calor emergindo em regiões como o Oriente Médio, o leste da América do Sul e o norte da África, onde a intensidade, a frequência e a duração dos eventos de calor estão aumentando em taxas mais rápidas.
Esses eventos causaram mortalidade significativa e impactos generalizados na saúde. Em resposta, governos e organizações internacionais desenvolveram diversos planos de ação para a saúde em relação ao calor (HHAPs), incluindo sistemas de alerta para a saúde em relação ao calor (HHWSs). No entanto, a revisão constatou que as estratégias atuais de redução de risco permanecem inadequadas.
Após identificar as principais limitações dos Planos de Saúde e Segurança Alimentar (PAS), especialmente a falta de equidade e a consideração insuficiente da umidade, os autores propuseram uma nova estrutura multinível.
Essa estrutura integra estratégias internacionais, nacionais, comunitárias e individuais para melhorar a resiliência ao calor, oferecendo orientações práticas para governos e sistemas de saúde em todo o mundo.
Dentre as propostas dos cientistas estão recomendações internacionais – como a colaboração internacional no sentido de orientar o desenvolvimento de políticas públicas, facilitar a disseminação de conhecimento e apoiar a capacitação para fortalecer a resiliência global ao calor – e também recomendações para os países, no sentido de estabelecer metas claras, garantir processos de tomada de decisão transparentes, promover políticas inclusivas e equitativas e priorizar as necessidades dos mais vulneráveis.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
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Acesse a revista científica Annual Review of Environment and Resources (em inglês).
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