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Instituto de Ciência de Tóquio
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Resumo
Uma pesquisa recente realizada no Japão reafirmou que células dendríticas convencionais (cDCs) não se originam apenas de linhagens mieloides (M-cDCs), mas também de linhagens linfoides (L-cDCs).
Os pesquisadores mostraram que as células dendríticas convencionais derivadas de linfoides (L-cDCs) podem desempenhar uma função única associada à imunossupressão e à indução de alergias.
Em experimentos com camundongos repórteres fluorescentes, a equipe rastreou as L-cDCs nos animais, revelando sua abundância em tecidos como pele e pulmões, e suas distintas assinaturas genéticas e funções.
Foco do Estudo
Por que é importante?
As células dendríticas convencionais (cDCs) são componentes essenciais do sistema imunológico, atuando como organizadoras primárias da imunidade adaptativa. Essas células especializadas capturam e processam antígenos e, em seguida, os apresentam às células T, iniciando assim respostas imunológicas robustas.
Este é um processo crítico para o combate a infecções e cânceres e também está implicado em doenças autoimunes. Os cientistas tinham conhecimento de que, no ambiente fisiológico, a maioria das cDCs se origina exclusivamente de células da linhagem mieloide, uma via de desenvolvimento bem estabelecida em imunologia.
No entanto, evidências recentes sugerem que as cDCs também poderiam se desenvolver a partir de linhagens linfoides — a família celular que inclui células T, células B e células natural killer. As vias precisas de desenvolvimento, os padrões de distribuição nos tecidos e os papéis funcionais específicos dessas cDCs derivadas de linfoides (L-cDCs) permanecem obscuros e continuam sendo objeto de estudos científicos.
Estudo
Recentemente, um grupo de pesquisa liderado pelo Dr. Toshiaki Ohteki, professor do Instituto de Pesquisa Integrada do Instituto de Ciência de Tóquio (Science Tokyo), no Japão, explorou o lado menos conhecido das L-cDCs. O estudo, publicado na revista Science Advances, revelou características interessantes dessa população pouco explorada de células imunes.
Os pesquisadores modificaram geneticamente os chamados ‘camundongos repórteres’ – animais geneticamente modificados que possuem genes repórteres inseridos em seus genomas – e que expressam marcadores fluorescentes, o que permitiu aos pesquisadores rastrearem com precisão células da linhagem linfoide por todo o corpo.
Usando essa plataforma, eles descobriram que, embora as L-cDCs constituam apenas uma população menor nos tecidos linfoides em geral, elas são abundantes em tecidos de barreira, como os pulmões e a pele.
Além de pesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio, também participaram do estudo pesquisadores da Universidade Médica de Kanazawa e da Universidade de Tóquio.
A necessidade de diversidade nas funções e distribuições das cDCs pode explicar por que apenas as cDCs são excepcionalmente geradas por meio de múltiplas vias de diferenciação
Resultados
Por meio de análises abrangentes de expressão gênica, a equipe confirmou ainda mais a linhagem linfoide das L-cDCs identificadas, revelando genes específicos de assinatura de linfócitos. “Essas cDCs derivadas de linfoides exibiram funções potentes na imunossupressão e na indução de alergias e parecem seguir diversas vias de desenvolvimento”, observou o professor Toshiaki Ohteki.
Funcionalmente, as L-cDCs mostraram características diferentes das cDCs derivadas de mieloides. Sob condições de baixa estimulação antigênica, as L-cDC2s (um subtipo específico de L-cDCs) apresentaram capacidade reduzida de ativar células T. No entanto, quando submetidas à estimulação antigênica suficiente, as L-cDC2s promoveram preferencialmente a diferenciação de células T auxiliares 2 (TH2). Essa dupla funcionalidade, ou seja, um alto limiar para ativação de células T combinado com uma forte capacidade de promoção de TH2, destaca seu papel potencial na manutenção da homeostase tecidual e no direcionamento de respostas alérgicas.
Além disso, a existência de cDCs originárias de progenitores mieloides e linfoides que desempenham funções essenciais semelhantes aponta para um fenômeno biológico fascinante: “Em biologia evolutiva, a evolução de organismos independentes com características semelhantes de diferentes linhagens em um ambiente específico é conhecida como evolução convergente, como visto na morfologia de golfinhos e tubarões”, explicou o Dr. Masashi Kanayama, primeiro autor do estudo e pesquisador do Instituto de Ciência de Tóquio.
As novas descobertas abrem caminho para uma compreensão mais abrangente do sistema imunológico. Os resultados sugerem que as L-cDCs podem servir como alvos terapêuticos promissores para doenças relacionadas às TH2, como asma e dermatite atópica, nas quais as respostas descontroladas das TH2 contribuem para a patologia.
O desenvolvimento de cDCs a partir de progenitores mieloides e linfoides implica a existência de evolução convergente no nível celular. Direcionar pesquisas futuras, seja essa evolução convergente um fenômeno limitado ao sistema imunológico ou também observada em outros sistemas, nos fornecerá respostas importantes. Esperamos que pesquisas futuras revelem papéis adicionais que essas células desempenham na imunidade e na biologia celular
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Autores/Pesquisadores Citados
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