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Ilustração do vírus da hepatite C
Fonte
Universidade de Bristol
Publicação Original
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Resumo
A partir de estimativas de transmissão vertical do vírus da hepatite C combinando dados de várias fontes, pesquisadores estimaram que, a cada ano, cerca de 74.000 crianças em todo o mundo nascem com o vírus da hepatite C (VHC), e que cerca de 23.000 dessas crianças ainda tenham infecção por VHC aos cinco anos de idade.
Paquistão (com 16.350 casos por ano) e Nigéria (om 8.483 casos por ano) foram os países com maior número de casos estimados, seguidos por China, Rússia e Índia. No Brasil, foram estimados 349 bebês nascidos com VHC por ano, com 113 crianças ainda mantendo a infecção aos 5 anos de idade.
Como a doença pode permanecer ‘silenciosa’ , os pesquisadores destacaram a importância de aumentar a testagem na menor idade possível, já que os tratamentos apresentam altas taxas de cura.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A Organização Mundial da Saúde estima que, em todo o mundo, existam cerca de 50 milhões de pessoas vivendo com o vírus da hepatite C, um vírus transmitido pelo sangue, e que cerca de 240.000 pessoas morreram de doença hepática relacionada à hepatite C em 2022.
A hepatite C geralmente se concentra entre populações marginalizadas, por exemplo, pessoas que usam drogas injetáveis ou aquelas expostas a procedimentos médicos não esterilizados.
Em 2022, a Organização Mundial da Saúde relatou que apenas cerca de um terço (36%) das pessoas com VHC sabiam da infecção. Isso se deve, em parte, ao fato de o VHC poder apresentar poucos ou nenhum sintoma por muitos anos e, eventualmente, resultar em problemas graves relacionados ao fígado, como cirrose e câncer de fígado.
Neste cenário, mais testes são necessários na maioria das populações para identificar quem tem hepatite C.
Estudo
Um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados (NIHR) da Universidade de Bristol, no Reino Unido – com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Toronto e da Universidade de Montreal, no Canadá – estimou que, a cada ano, cerca de 74.000 crianças em todo o mundo nascem com o vírus da hepatite C (VHC), e que cerca de 23.000 dessas crianças ainda tenham infecção por VHC aos cinco anos de idade.
O estudo, publicado na revista científica The Lancet Gastroenterology and Hepatology, produziu estimativas para cada país, o que é inédito, visto que anteriormente esses números estavam disponíveis apenas para Paquistão, Egito e EUA, com dados de mais de 10 anos.
Os pesquisadores combinaram estimativas do número de mulheres de 15 a 49 anos com VHC em cada país, com novas estimativas da probabilidade de transmissão do VHC para a criança durante a gravidez, que é de cerca de 7% por nascimento. Os pesquisadores também levaram em conta novas estimativas da proporção de crianças nascidas com VHC que eliminarão o vírus naturalmente antes de completarem cinco anos de idade, que é alta (cerca de dois terços).
Essas estatísticas são importantes para formuladores de políticas e planejadores de saúde, pois revelam uma importante fonte de novas infecções por VHC que até então era pouco estudada. Há também implicações para a prestação de serviços, visto que a gravidez costuma ser um período em que os profissionais de saúde podem interagir com pessoas com as quais normalmente não teriam contato, oferecendo a oportunidade de rastreá-las para o VHC e encaminhá-las para atendimento, se necessário
Resultados
Paquistão (com 16.350 casos por ano) e Nigéria (om 8.483 casos por ano) foram os países com maior número de casos estimados, seguidos por China, Rússia e Índia, que, no total, representaram cerca de metade de todas as infecções transmitidas verticalmente. No Brasil, foram estimados 349 bebês nascidos com VHC por ano, com 113 crianças ainda mantendo a infecção aos 5 anos de idade.
O Dr. Adam Trickey, pesquisador sênior da Faculdade de Medicina da Universidade de Bristol e autor principal o estudo, destacou: “Os resultados do nosso estudo destacam não apenas a escala da transmissão, mas também a grande necessidade de mais testes. Sem esses testes, o vírus, que pode ser curado na maioria dos casos, fica sem tratamento em crianças pequenas que o contraem desde o nascimento”.
“Isso apesar de tratamentos altamente eficazes para o VHC estarem disponíveis em muitos países desde 2014. Esses tratamentos com comprimidos precisam ser tomados por cerca de três meses, com taxas de cura efetivas de mais de 90%”, acrescentou o Dr. Trickey.
As diretrizes americanas e europeias para o VHC recomendam o rastreamento para todas as gestantes. Mas isso não acontece em muitos países de outras regiões.
As recomendações para o tratamento do VHC em crianças variam, mas as diretrizes geralmente indicam que as crianças podem ser tratadas a partir dos três anos de idade.
“A maioria das diretrizes não recomenda o tratamento de gestantes com VHC devido à falta de evidências sobre a segurança desses tratamentos, embora um estudo clínico esteja atualmente investigando isso – resultados preliminares indicam altas taxas de cura e poucos efeitos colaterais graves”, concluiu o Dr. Adam Trickey.
Dada a disponibilidade de medicamentos eficazes e o progresso contínuo nessa área, é vital que as taxas de testagem e diagnóstico melhorem para que mais pessoas possam ser tratadas e curadas
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica The Lancet Gastroenterology and Hepatology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Bristol (em inglês).
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