Leitura rápida
Fonte
Publicação Original
Áreas
Compartilhar
Resumo
Atualmente, a ciência busca novos medicamentos eficazes contra a dor crônica, mas sem os riscos de dependência e efeitos colaterais dos opioides tradicionais.
Recentemente, pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) identificaram efeitos analgésicos promissores em uma substância ainda pouco conhecida da planta Cannabis sativa, o canabigerol (CBG).
Os testes em animais mostraram alívio de diferentes tipos de dor – incluindo as neuropáticas, de difícil tratamento. O estudo, que teve apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), foi publicado na revista Scientia Pharmaceutica.
“A Cannabis sativa contém centenas de compostos. Os mais conhecidos são o tetrahidrocanabinol (THC), responsável pelos efeitos psicoativos, e o canabidiol (CBD), com amplo potencial terapêutico. Menos conhecido, o CBG não tem efeito psicoativo e é precursor químico dos outros canabinoides”, explicou o Dr. Guilherme Carneiro Montes, professor do Instituto de Biologia da UERJ e coordenador do projeto.
No estudo, os pesquisadores realizaram testes em roedores com maior sensibilidade à dor devido à hipóxia-isquemia pré-natal, uma condição que simula complicações gestacionais. Foram administradas doses orais de CBG (50 mg/kg), e testados três modelos de dor: térmica, inflamatória e neuropática.
Ao serem colocados sobre uma placa aquecida a 52 °C, os animais tratados demoraram mais tempo para reagir e pular da placa, sugerindo um efeito analgésico central. Já no teste que simula uma picada de formiga, o CBG teve efeito analgésico tanto na fase inicial, aguda, quanto na fase posterior, inflamatória.
O composto também foi promissor contra a dor neuropática, que pode surgir após lesões em nervos ou na medula espinhal – e muitas vezes é resistente a tratamentos. Após dez dias com CBG, os animais tiveram redução significativa na sensibilidade dolorosa, sem efeitos colaterais como sedação ou prejuízos motores, comuns em analgésicos potentes.
“Nossas análises moleculares mostraram que, além de aliviar a dor, o CBG parece interferir em mecanismos que contribuem para a sua persistência crônica”, afirmou Bismarck Rezende, doutorando em Fisiopatologia Clínica e Experimental na UERJ e primeiro autor do estudo. “Além disso, vimos que o composto atua por vias diferentes em machos e fêmeas, o que é importante ser considerado em futuras pesquisas e tratamentos”, completou.
Mesmo com os resultados promissores, ainda são necessários estudos clínicos com seres humanos para comprovar eficácia, segurança e formas ideais de administração.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Scientia Pharmaceutica (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Notícias relacionadas
Universidade da Califórnia em San Francisco