
Fonte
Shawn Oberrath, Universidade Médica da Carolina do Sul
Publicação Original
Áreas
Resumo
No campo da Medicina Regenerativa, ainda existem muitos desafios, inclusive na aceitação por parte do receptor de um novo conjunto de células, tecido ou órgão reconstruídos a partir de células-tronco.
Recentemente, em um estudo em animais com diabetes tipo 1, pesquisadores testaram uma nova estratégia que considerou o transplante de células beta marcadas em conjunto com uma proteção imunológica fornecida por células T reguladoras, marcadas com tecnologia CAR.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A Medicina Regenerativa – que poderia reconstruir células, tecidos ou órgãos e se tornar uma solução revolucionária para o tratamento de diversas doenças – ainda enfrenta alguns desafios.
Primeiro, as células-tronco precisam se diferenciar nos tipos de células desejados. Segundo, a captação de células do próprio receptor ou de um doador e a incorporação ou substituição das novas células, tecido ou órgão precisa ter sucesso. Finalmente, o sistema imunológico do receptor precisa estar preparado para aceitar esse novo conjunto de células, até então estranhas ao corpo.
Atualmente, os tratamentos de medicina regenerativa exigem imunossupressão sistêmica, deixando os pacientes vulneráveis a vírus, bactérias e células cancerígenas.
Por exemplo, pacientes com Diabetes Tipo 1 podem receber transplante de células de ilhotas usando células beta de um doador. As células beta são isoladas do pâncreas de um doador, purificadas e implantadas no paciente, onde podem se fixar e começar a secretar insulina.
Porém, essa solução exige imunossupressão pelo resto da vida do paciente, para impedir que o corpo rejeite as células beta estranhas. Também requer a disponibilidade de células do doador, o que pode exigir longas esperas ou pode nem acontecer.
Estudo
Para avançar em tratamentos de Medicina Regenerativa, pesquisadores da Universidade Médica da Carolina do Sul (MUSC) e da Universidade da Flórida, nos EUA, desenvolveram recentemente uma nova estratégia altamente específica para tratar o diabetes tipo 1.
Os pesquisadores usaram um transplante de células beta marcadas em conjunto com uma proteção imunológica localizada, fornecida por células imunológicas especializadas e também marcadas com uma molécula de direcionamento complementar, mas inerte.
De acordo com o Dr. Leonardo Ferreira, pesquisador do Cancer Center da MUSC e um dos principais pesquisadores do estudo, unir a engenharia de células-tronco e a engenharia de células T regulatórias (Treg) permitiu o primeiro passo em direção a uma solução prontamente disponível para tratar o diabetes tipo 1.
No estudo realizado em modelo de camundongo, publicado na revista científica Cell Reports, os pesquisadores descreveram uma nova experiência que combinou a engenharia de células beta com a delicadeza cirúrgica e o conhecimento em células T do receptor de antígeno quimérico (CAR-T).
Os pesquisadores marcaram células beta geradas a partir de células-tronco e, para induzir proteção imunológica localizada, escolheram usar Tregs, um tipo de célula imune que monitora e controla a resposta imune.
Com esta abordagem, desenvolvemos tanto a ‘chave’ como a ‘fechadura’ para criar tolerância imunológica
Resultados
Os pesquisadores transplantaram células beta que foram projetadas a partir de células-tronco e que incluíam um marcador não reativo – uma versão inativada do receptor do fator de crescimento epidérmico – em camundongos imunodeficientes.
Os resultados mostraram que as células foram incorporadas e começaram a fabricar insulina funcional. Então, os camundongos foram expostos a um tipo agressivo de célula imune para verificar a viabilidade das células beta transplantadas diante de uma resposta imune simulada. Como esperado, todas as células beta foram mortas pela resposta imune, o mesmo que aconteceria em pacientes com diabetes tipo 1 não imunossuprimidos.
Para evitar essa resposta do sistema imune, os pesquisadores adicionaram células T reguladoras (Tregs) especializadas, marcadas com tecnologia CAR usando um receptor que reconheceu especificamente o marcador EGFR inerte presente nas células beta transplantadas.
Com este novo passo, os pesquisadores observaram as células beta transplantadas permanecendo seguras, saudáveis e funcionais.
A partir do sucesso destes resultados, os pesquisadores planejam continuar os esforços de pesquisa, incluindo a construção de uma biblioteca inteira de células-tronco diferenciadas e células Tregs protetoras marcadas para várias doenças, como certos tipos de câncer, lúpus e outras doenças autoimunes.
Apesar dos resultados parciais satisfatórios, algumas questões ainda permanecem sem resposta, como por exemplo o tempo de proteção imunológica mediada por Tregs e os efeitos colaterais dos marcadores, entre outras.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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