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Fonte
Krista Conger, Escola de Medicina da Universidade Stanford
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Resumo
Nos EUA, pesquisadores mostraram que um transplante combinado de células-tronco hematopoiéticas e células das ilhotas pancreáticas preveniu ou curou completamente o diabetes tipo 1 em camundongos.
Um sistema imunológico híbrido, composto por células tanto do doador quanto do receptor, impediu o desenvolvimento do diabetes tipo 1 em 19 dos 19 animais acompanhados. Além disso, nove dos nove camundongos que desenvolveram diabetes tipo 1 de longo prazo foram curados da doença pelo transplante combinado de células-tronco hematopoiéticas e ilhotas pancreáticas.
Mas os pesquisadores ainda precisam superar desafios importantes da nova abordagem antes de sua aplicação clínica.
Foco do Estudo
Estudo
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos EUA, mostrou que um transplante combinado de células-tronco hematopoiéticas e células das ilhotas pancreáticas de um doador imunologicamente incompatível preveniu ou curou completamente o diabetes tipo 1 em camundongos.
O Dr. Seung K. Kim, professor da Escola de Medicina da Universidade Stanford, que dirige o Centro de Pesquisa em Diabetes de Stanford, é o autor sênior do estudo, publicado na revista científica The Journal of Clinical Investigation. Preksha Bhagchandani, doutoranda em Medicina em Stanford, é a autora principal da pesquisa.
As descobertas corroboram um estudo de 2022 realizado pelo professor Seung Kim e colaboradores, no qual os pesquisadores induziram diabetes em camundongos destruindo as células produtoras de insulina no pâncreas com toxinas. Em seguida, eles curaram os animais com um tratamento pré-transplante com anticorpos direcionados ao sistema imunológico e radiação de baixa dose, seguido pelo transplante de células-tronco sanguíneas e ilhotas pancreáticas de um doador não aparentado.
Mas o estudo atual abordou um problema mais complexo: curar ou prevenir o diabetes causado pela autoimunidade, no qual o sistema imunológico destrói espontaneamente as próprias células das ilhotas pancreáticas. Em humanos, isso caracteriza o diabetes tipo 1.
Diferentemente do estudo com diabetes induzido — no qual o objetivo dos pesquisadores era impedir que o sistema imunológico do receptor rejeitasse o transplante —, as células das ilhotas transplantadas nos camundongos autoimunes têm dois alvos: além de serem estranhas, são vulneráveis ao ataque autoimune de um sistema imunológico desregulado, determinado a destruir as células das ilhotas independentemente de sua origem.
“Assim como no diabetes tipo 1 em humanos, o diabetes que ocorre nesses camundongos resulta de um sistema imunológico que ataca espontaneamente as células beta produtoras de insulina nas ilhotas pancreáticas”, explicou o professor Kim. “Precisamos não apenas substituir as ilhotas perdidas, mas também reprogramar o sistema imunológico do receptor para evitar a destruição contínua das células das ilhotas. Criar um sistema imunológico híbrido contempla ambos os objetivos”, continuou.
Infelizmente, as características inerentes que levam ao diabetes autoimune nesses camundongos também dificultam o preparo para um transplante bem-sucedido de células-tronco hematopoiéticas.
A solução encontrada pelos pesquisadores foi relativamente simples: Preksha Bhagchandani e o Dr. Stephan Ramos, pesquisador de pós-doutorado e coautor do estudo, adicionaram um medicamento usado para tratar doenças autoimunes ao regime pré-transplante que os pesquisadores haviam descoberto em 2022.
A possibilidade de transpor esses resultados para humanos é muito animadora. As etapas principais do nosso estudo — que resultam em animais com um sistema imunológico híbrido contendo células tanto do doador quanto do receptor — já estão sendo usadas na clínica para outras doenças. Acreditamos que essa abordagem será transformadora para pessoas com diabetes tipo 1 ou outras doenças autoimunes, bem como para aquelas que precisam de transplantes de órgãos sólidos
Resultados
Com o novo regime pré-transplante e realizando o transplante de células-tronco hematopoiéticas, os cientistas obtiveram um sistema imunológico composto por células tanto do doador quanto do receptor, o que impediu o desenvolvimento de diabetes tipo 1 em 19 dos 19 animais. Além disso, nove dos nove camundongos que desenvolveram diabetes tipo 1 de longa data foram curados da doença pelo transplante combinado de células-tronco hematopoiéticas e ilhotas pancreáticas.
Nenhum dos animais desenvolveu doença do enxerto contra o hospedeiro – na qual o sistema imunológico, originado das células-tronco sanguíneas doadas, ataca o tecido saudável do receptor – e a destruição das células das ilhotas pelo sistema imunológico nativo do hospedeiro foi interrompida. Após os transplantes, os animais não precisaram do uso de medicamentos imunossupressores ou insulina durante os seis meses do experimento.
Como os anticorpos, medicamentos e radiação de baixa dose administrados aos animais já são usados clinicamente para transplante de células-tronco sanguíneas, os pesquisadores acreditam que adaptar essa abordagem para pessoas com diabetes tipo 1 seria o próximo passo.
Desafios
Mas ainda existem desafios a serem superados com essa abordagem para tratar o diabetes tipo 1. As ilhotas pancreáticas só podem ser obtidas após a morte do doador, e as células-tronco sanguíneas devem vir do mesmo doador que as ilhotas. Também não está claro se o número de células das ilhotas normalmente isoladas de um doador seria suficiente para reverter o diabetes tipo 1 já estabelecido.
Os pesquisadores estão trabalhando em soluções, que podem incluir a geração de um grande número de células das ilhotas em laboratório a partir de células-tronco humanas pluripotentes ou a busca de maneiras de aumentar a função e a sobrevivência das células das ilhotas do doador transplantadas.
A capacidade de reconfigurar o sistema imunológico com segurança para permitir o transplante duradouro de órgãos pode levar rapidamente a grandes avanços médicos
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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Acesse a revista científica The Journal of Clinical Investigation (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).
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