
Divulgação, Agência UFC
Nanoformulação se destaca pela menor toxicidade, maior versatilidade e liberação lenta do princípio ativo
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Cristiane Pimentel, Agência UFC
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Resumo
Uma nova formulação com nanopartículas contendo uma substância da classe dos nitrosilo complexos de rutênio pode ser uma nova alternativa com menos efeitos colaterais contra a leishmaniose visceral, uma doença que atinge órgãos internos como fígado, baço e medula óssea.
Em desenvolvimento desde 2020, a nova formulação – com potencial para uso oral e tópico – deve passar por testes em cães infectados até o início de 2026, para confirmar a eficácia e a segurança do composto.
Uma equipe de pesquisadores do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC) tem investigado o uso de nanotecnologia para o combate a uma das zoonoses mais preocupantes do estado: a leishmaniose.
Os cientistas desenvolveram uma formulação com nanopartículas contendo uma substância da classe dos nitrosilo complexos de rutênio, que pode potencializar o tratamento da doença, resultando em menos efeitos colaterais.
A tecnologia vem sendo estudada desde 2020, durante o mestrado de Antônio Caian Rodrigues, que atualmente cursa doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química da UFC. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) já emitiu a carta-patente para a invenção.
Os poucos tratamentos atualmente disponíveis contra a leishmaniose – principalmente para a forma visceral da doença, que atinge órgãos internos como fígado, baço e medula óssea – possuem toxicidade cardíaca e hepática e são contraindicados para mulheres grávidas, lactantes, e pacientes com insuficiência renal ou hepática grave.
Com base em estudos anteriores em modelos animais que mostraram a eficácia do complexo de rutênio contra o protozoário da leishmaniose, a equipe da UFC elaborou uma fórmula com menor capacidade de gerar reações adversas e com potencial para uso oral e tópico (na pele).
A principal inovação de nossa nanoformulação é proporcionar uma alternativa terapêutica com menor toxicidade, maior versatilidade e liberação lenta do princípio ativo, permitindo intervalos maiores entre as doses. Em nossos estudos preliminares, o complexo de rutênio não demonstrou toxicidade, e, atualmente, estamos avaliando com nossos colaboradores científicos seu impacto nas funções hepática, cardíaca e renal para atestar sua segurança
A pesquisa sobre a formulação está na fase pré-clínica e segue com estudos quanto à sua eficácia sob a coordenação do Dr. Nilberto Robson do Nascimento, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE). A previsão é que a próxima etapa de análise seja realizada até o início de 2026, com a testagem em cães infectados.
Caso demonstre bons resultados nesse momento da pesquisa, o composto poderá ser avaliado também para fins veterinários. “Com os testes em cães naturalmente infectados, teremos a oportunidade de avaliar a atividade do composto contra a espécie Leishmania infantum, responsável pela forma visceral da leishmaniose no Brasil — a manifestação clínica mais letal da doença, caracterizada por hepato e esplenomegalia (aumento do fígado e do baço), podendo evoluir, nos casos mais graves, para hemorragias e insuficiências renal e hepática”, explicou o professor Eduardo Henrique de Sousa, professor da UFC e inventor principal da inovação.
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