
Túlio Daniel, Portal Comunica UFU
Moscas acompanhadas no estudo
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Túlio Daniel, Portal Comunica UFU
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Resumo
Em fase inicial de testes em animais – especificamente em moscas-das-frutas modificadas geneticamente com genes humanos associados ao Alzheimer – pesquisadores estão avaliando o uso do óleo de Cannabis administrado por via oral para o tratamento da doença de Alzheimer.
Os primeiros resultados mostraram redução da toxicidade do peptídeo beta-amiloide, com melhoria de sintomas como perda de memória e problemas motores.
Em busca de novas terapias para o tratamento da doença de Alzheimer, pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a empresa Mahara, testaram o uso de canabidiol em mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster).
O canabidiol, substância presente na planta Cannabis sativa, tem sido estudado pelo seu potencial terapêutico. Ele atua no sistema nervoso central e já é utilizado no tratamento de epilepsia, ansiedade e doenças neurodegenerativas. No Brasil, ele é comercializado em farmácias sob prescrição médica especial.
No estudo conduzido pelo Dr. Carlos Ueira Vieira, professor do Instituto de Biotecnologia e do Laboratório de Genética da UFU, e por Serena Mares Malta, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Bioquímica, o óleo de canabidiol foi administrado em moscas transgênicas, que possuem genes humanos associados ao Alzheimer.
As moscas foram geneticamente modificadas para mimetizar a doença, permitindo a avaliação de compostos de forma eficiente e com menor dependência de vertebrados, como ratos.
“Nosso laboratório é um biotério de moscas. Então, testamos diferentes compostos para várias doenças. Para além do Alzheimer, também já temos estudos voltados para depressão, epilepsia e TDAH”, destacou o professor Carlos Vieira.
Apesar de ainda estar em fase inicial e não incluir testes em humanos, os resultados são animadores e prometem abrir novas possibilidades para o futuro dessa área
Segundo o pesquisador, a administração oral do canabidiol nas moscas reduziu a toxicidade do peptídeo beta-amiloide, marcador da doença, no cérebro dos insetos.
Isso levou à melhora de sintomas como perda de memória e problemas motores, o que os pesquisadores definem como resultados promissores: “Essa pesquisa aproximou o grupo Mahara, um dos principais nomes na comercialização de canabidiol no Brasil, do ambiente acadêmico, em busca de respostas para uma questão importante da sociedade: o uso do canabidiol no tratamento de pacientes com Alzheimer”, disse o professor.
Além do potencial terapêutico, o uso das moscas como modelo experimental tem um viés ético importante: a redução de testes em animais maiores, como camundongos. Para o professor Carlos Vieira, essa abordagem é fundamental para garantir o bem-estar animal e acelerar a obtenção de dados preliminares.
Apesar da redução no uso de vertebrados, o teste em camundongos é uma etapa importante na criação de medicamentos e será o próximo passo do estudo, que ocorrerá sob a coordenação de Serena Malta, que está na Universidade de Saskatchewan, no Canadá, realizando estudos com kefir, uma bebida fermentada composta por bactérias e leveduras probióticas.
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