Leitura rápida

Milho crioulo possui variações nutricionais e de sabor para diversificar a dieta
27 de outubro de 2025, 19:13

Fonte

Henrique Giacomin, Jornal da USP

Publicação Original

Áreas

Agricultura, Agroecologia, Alimentação Vegana, Ciência e Tecnologia de Alimentos

Compartilhar

Resumo

Existem múltiplas variedades de milho, com tamanhos, cores e formatos diferentes. As variedades preservadas pela agricultura familiar, não alteradas pela indústria e cultivadas de forma orgânica, são chamadas de ‘milho crioulo’, que pode ser encontrado nas cores roxo, vermelho, laranja, preto e até azul.

As espécies crioulas possuem variações nutricionais, o que resulta também em variações no sabor. As diferentes espécies se adaptam melhor aos diferentes modos de preparo. Fubás, canjicas, pamonhas e curaus feitos a partir dessas variações possuem sabores e consistências diferentes em relação ao milho transgênico amplamente utilizado pela indústria.

A nutricionista Weruska Davi, pesquisadora do Núcleo de Estudos em Ciência, Cultura e Comida da Universidade de São Paulo (USP) e doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP), explicou: “Eles têm essas cores justamente porque eles são alimentos vindos de uma produção tradicional. Ele veio ao longo do tempo sendo produzido e sendo modificado naturalmente. Os alimentos vão se conformando à vivência deles ali no solo, o que precisa mais, o que tem no solo de menos que ele precisa se modificar. Ele tem essas cores diferentes porque ele é natural mesmo”.

Além da riqueza de sabores e de princípios bioativos, as sementes crioulas são importantes na manutenção da biodiversidade e da cultura agrária brasileira.

Resultantes de muitos anos de cultivo e cruzamentos genéticos, as espécies crioulas são mais adaptadas aos seus próprios territórios, e têm um papel importante na garantia da soberania alimentar e subsistência da agricultura familiar.

Com menor necessidade de insumos, a plantação do milho crioulo é menos danosa aos ecossistemas próximos, tendo um menor gasto de água e menor necessidade do uso de agrotóxicos devido aos seus defensivos naturais.

A introdução do milho crioulo na dieta, com seus formatos, cores e sabores diferentes, é também um meio de combater a monotonia alimentar. Nos grandes centros, é possível encontrar esses alimentos nos mercadões municipais, institutos voltados à agroecologia e produtos orgânicos, feiras voltadas a produtos da agricultura familiar e até mesmo restaurantes.

“Eu até elenquei aqui, vou fazer uma lista do que a gente pode fazer com o milho crioulo: milho cozido, pamonha, curau, canjica, cuscuz; as quitandas: broa, biscoito, bolo, o próprio fubá vindo do milho crioulo. Eu queria chamar a atenção para a qualidade das receitas que esse milho crioulo pode dar para a gente, que é totalmente diferente de um milho convencional, acho que para as pessoas procurarem mais, procurarem saber, conhecer, experimentar. Eu tenho certeza que não vai ter mais como consumir outro tipo de milho ou os produtos do milho que não seja o crioulo”, concluiu a nutricionista.

Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas. 

Autores/Pesquisadores Citados

Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Ciência, Cultura e Comida da USP e doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP)

Mais Informações

Notícias relacionadas

Rolar para cima