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Metais pesados que ainda permanecem no solo em Brumadinho podem afetar os ecossistemas e saúde da população
13 de janeiro de 2025, 11:34

Fonte

Kayky Resende, UFF

Publicação Original

Áreas

Ciência Ambiental, Desigualdade Socioambiental, Ecologia, Engenharia Ambiental, Geociências, Gestão Ambiental, Gestão de Resíduos, Governança Ambiental, Monitoramento Ambiental, Saneamento, Saúde Ambiental, Sustentabilidade

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Resumo

A Dra. Andressa Cristhy Buch, pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisou os impactos ambientais da catástrofe de Brumadinho, um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. O estudo faz parte de um projeto liderado pelo Dr. Emmanoel Vieira da Silva Filho, professor do Programa de Pós-graduação em Geociências e Geoquímica da UFF.

A pesquisadora realizou avaliações ecotoxicológicas para analisar as alterações genéticas, reprodutivas, comportamentais, fisiológicas e citológicas na fauna da região, a fim de avaliar o impacto que os rejeitos da barragem causaram nos solos ripários atingidos.

A pesquisa indicou a perda de nichos ecológicos, funcionais e da biodiversidade em oito municípios atingidos pela lama minerária, que pode ter afetado ou extinguido espécies e funções ecossistêmicas que organismos da fauna edáfica – conjunto de animais que vivem no solo – prestavam.

As avaliações do solo envolveram diferentes parâmetros para conseguir um diagnóstico mais preciso. “Uma das formas é avaliar os organismos presentes nos solos afetados (in situ), fazendo um diagnóstico do seu estado. (…) avaliamos parâmetros físicos, químicos e biológicos além das componentes extrínsecas ambientais (umidade, temperatura, etc.), todas as informações são complementares. Assim podemos ter um diagnóstico mais preciso da parte geológica/mineralógica, pedológica, geoquímica, ecológica e ecotoxicológica”, explicou a Dra. Andressa Buch.

Baseado em dados retirados das análises, o estudo revelou mudanças na qualidade e propriedades do solo após o contato com os rejeitos. Além disso, os solos das áreas afetadas se tornaram mais ácidos, mais densos e com alto grau de compactação, o que impõe uma limitação no desenvolvimento de raízes e, consequentemente, más condições para o progresso biológico da flora, dificultando, por exemplo, a passagem de ar e água favorecidos pelo enraizamento.

Nas áreas estudadas, o enriquecimento dos índices de cádmio, arsênio, cobre, chumbo e níquel presentes em solos ripários foi de 2 a 40 vezes maior do que os níveis encontrados em períodos anteriores ao rompimento. Além disso, os índices de saúde humana e dados geoquímicos reforçam evidências de alto nível de poluição.

Os achados indicam que há um alto risco ecológico que aumenta as probabilidades de desenvolvimento de doenças cancerígenas e não cancerígenas na população dos municípios atingidos. Em todas as áreas afetadas pelos rejeitos da barragem, os valores de metais excedem as medidas estabelecidas pelas diretrizes brasileiras para qualidade de solo em pelo menos dois elementos químicos.

Segundo a pesquisadora, o estudo pode orientar as normas de regulamentação do setor e apoiar medidas de recuperação dos ecossistemas terrestres afetados pelo rompimento da barragem.

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Autores/Pesquisadores Citados

Pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Federal Fluminense
Professor do Programa de Pós-graduação em Geociências e Geoquímica da UFF

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