
Laboratório do Dr. Yossef Av-Gay, Universidade da Colúmbia Britânica
Mycobacterium tuberculosis (em verde) em células imunológicas humanas (macrófagos)
Fonte
Brett Goldhawk, Universidade da Colúmbia Britânica
Publicação Original
Áreas
Compartilhar
Resumo
Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, testou o uso do medicamento benzotropina, usado contra a doença de Parkinson, para o tratamento da tuberculose com foco no fortalecimento da ação do sistema imune.
Após experimentos com células imunes humanas e de camundongos em que benzotropina reduziu significativamente a contagem bacteriana na tuberculose, os pesquisadores realizaram testes com tratamento oral em camundongos infectados com tuberculose, que levou a uma redução de 70% da carga bacteriana nos pulmões dos animais.
Como o medicamento já tem aprovação para uso em humanos, as descobertas podem acelerar testes clínicos para tuberculose e outras infecções.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A tuberculose é a doença infecciosa mais mortal do mundo, afetando tipicamente os pulmões e causando cerca de 1,3 milhão de mortes a cada ano.
O tratamento requer um regime de vários antibióticos durante meses, o que pode ter efeitos colaterais graves. Além disso, ainda há o desafio do surgimento de cepas bacterianas resistentes aos medicamentos.
Estudo
Uma equipe de pesquisa interdisciplinar envolvendo microbiologistas, imunologistas e especialistas em doenças infecciosas da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) e colaboradores da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, conduziu um estudo sobre o reposicionamento de um medicamento já existente, agora com foco na tuberculose.
O estudo, publicado na revista científica npj Antimicrobials & Resistance, descobriu que o medicamento benzotropina, desenvolvido na década de 1950 para tratar a doença de Parkinson, pode reduzir drasticamente os níveis de bactérias causadoras da tuberculose, estimulando a resposta imunológica natural do corpo.
A tuberculose é particularmente difícil de tratar porque a bactéria responsável, Mycobacterium tuberculosis, é capaz de infectar e sobreviver dentro das próprias células imunológicas projetadas para destruir patógenos, conhecidas como macrófagos.
Enquanto os antibióticos atuam matando as bactérias diretamente, a benzotropina atua por meio de uma abordagem alternativa com foco na reação das células imunológicas. O medicamento bloqueia um receptor nos macrófagos que as bactérias da tuberculose exploram, permitindo que as células recuperem sua capacidade de matar os invasores bacterianos.
Os pesquisadores afirmam que tratamentos que fortalecem as defesas naturais do corpo, conhecidos como terapias direcionadas ao hospedeiro, podem oferecer benefícios significativos no combate à tuberculose.
“Como essas terapias não têm como alvo direto as bactérias, elas têm muito menos probabilidade de gerar resistência aos medicamentos”, disse o Dr. Henok Sahile, pesquisador de pós-doutorado na Faculdade de Medicina da UBC e autor principal do estudo. “Eles também podem funcionar em combinação com antibióticos existentes para melhorar os resultados do tratamento ou auxiliar em casos em que os antibióticos falham”, continuou o pesquisador.
Para identificar a benzotropina, a equipe de pesquisa analisou uma biblioteca de mais de 240 medicamentos aprovados pela agência reguladora Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, testando cada composto em células imunes infectadas com tuberculose. Esta análise inicial destacou o potencial da benzotropina.
Novas abordagens para o tratamento da tuberculose são urgentemente necessárias
Resultados
A benzotropina se mostrou capaz de reduzir significativamente a contagem bacteriana da tuberculose em experimentos com células imunes humanas e de camundongos.
Os pesquisadores então testaram a benzotropina em camundongos infectados com tuberculose, com o tratamento oral levando a uma redução de 70% na carga bacteriana nos pulmões — comparável a alguns tratamentos atuais para tuberculose.
O medicamento demonstrou eficácia semelhante em um modelo murino separado de infecção por Salmonella, sugerindo seu potencial como tratamento para uma ampla gama de patógenos.
Como a benzotropina já está aprovada para uso em humanos, os pesquisadores afirmam que as descobertas podem acelerar testes clínicos para tuberculose e outras infecções.
“Reutilizar medicamentos existentes é uma das maneiras mais rápidas e econômicas de levar novos tratamentos aos pacientes. Com a benzotropina, já conhecemos o perfil de segurança e a farmacologia, o que significa que podemos avançar mais rapidamente para os estudos clínicos, concluiu o Dr. Yossef Av-Gay, professor de doenças infecciosas na Faculdade de Medicina da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC).
Ao fortalecer a função imunológica em vez de atingir as bactérias, esta pode ser uma ferramenta poderosa contra a tuberculose resistente a medicamentos. E é um composto que já se provou seguro em pessoas com Parkinson
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica npj Antimicrobials & Resistance (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade da Colúmbia Britânica (em inglês).
Notícias relacionadas

Universidade de Bristol
Universidade de Adelaide
Instituto de Tecnologia de Massachusetts