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Agência FAPESP
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Resumo
Um estudo realizado ao longo dos últimos dois anos indicou que a prática do manejo diversificado não só contribui para a captura de dióxido de carbono, como também oferece benefícios de longo prazo para a produção agrícola.
Os pesquisadores analisaram a fixação de carbono ao longo de várias décadas, constatando que a capacidade de sequestro se mantém após 30 a 40 anos da adoção de sistemas conservacionistas de manejo.
Agora, os pesquisadores estão avaliando os impactos desse acúmulo de carbono na produtividade agrícola e investigando como o aumento da matéria orgânica melhora fatores como a retenção de água e disponibilidade de nutrientes às culturas.
Uma pesquisa conduzida no âmbito do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) revelou que diversificar e intensificar a variedade de espécies vegetais pode mais que dobrar a taxa de fixação de carbono no solo. O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Shell e tem sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP).
O estudo, realizado ao longo dos últimos dois anos, indicou que a prática do manejo diversificado não só contribui para a captura de dióxido de carbono (CO2), como também oferece benefícios de longo prazo para a produção agrícola.
O trabalho foi liderado pelo Dr. Cimélio Bayer, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que estuda os efeitos do manejo do solo na captura de carbono há mais de duas décadas.
O professor Bayer e seu grupo integram o projeto ‘Melhorando o manejo da pastagem como Solução Baseada na Natureza para sequestro de carbono no solo no Brasil’, coordenado pelo Dr. Carlos Eduardo Pellegrino Cerri e pelo Dr. Maurício Roberto Cherubin, professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP).
O programa visa desenvolver soluções tropicais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agricultura, aumentando a fixação de carbono no solo por meio de técnicas como a restauração de vegetação nativa e manejo adequado de pastagens, além de sistemas agrícolas integrados.
Práticas que mantêm a produção o ano todo e reduzem o revolvimento [erosão e perdas de nutrientes] são fundamentais. O plantio direto, combinado com a diversificação de espécies, revelou-se especialmente eficiente
Em áreas experimentais no cerrado e nos pampas, anteriormente utilizadas para monoculturas como soja e algodão, foi possível observar um aumento significativo na fixação de carbono quando se diversificaram as espécies plantadas.
O sistema de plantio direto, que semeia a terra sem a necessidade de aragem ou gradagem, foi apontado como eficaz, mas limitado em monoculturas. Em sistemas diversificados, a capacidade de sequestro de carbono mais que dobrou, chegando a valores superiores a 0,6 tonelada por hectare por ano.
A pesquisa também analisou a fixação de carbono ao longo de várias décadas, constatando que a capacidade de sequestro se mantém após 30 a 40 anos da adoção de sistemas conservacionistas de manejo, contrariando a expectativa anterior de que o acúmulo de CO2 no solo se restringiria a um prazo de 20 anos.
“Nossos resultados indicam que o solo pode continuar acumulando carbono em camadas mais profundas, o que traz implicações importantes para práticas agrícolas sustentáveis de longo prazo”, destacou o professor da UFRGS.
As amostras de solo foram coletadas a até um metro de profundidade, ao contrário de uma prática comum de amostragens superficiais. Isso permitiu uma análise mais precisa da fixação de carbono nas camadas inferiores, com base em metodologias reconhecidas internacionalmente.
Atualmente, os pesquisadores avaliam os impactos desse acúmulo de carbono na produtividade agrícola e investigando como o aumento da matéria orgânica melhora fatores como a retenção de água e disponibilidade de nutrientes às culturas.
Paralelamente, como parte do projeto, está sendo analisada a contribuição das partes aéreas e das raízes das plantas na fixação de carbono, utilizando isótopos que enriquecem as plantas e permitem um estudo separado dessas estruturas.
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Autores/Pesquisadores Citados
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