
National Cancer Institute/NIH via Wikimedia Commons
Células de câncer colorretal humano (núcleos celulares em azul, danos ao DNA em vermelho e focos de replicação do DNA em verde)
Fonte
Cristiane Pimentel, Agência UFC
Publicação Original
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Resumo
Um estudo que considerou dados de mais de 1.800 voluntários de diferentes estados do Brasil – entre os anos de 2001 e 2020 – ajudou a melhorar a compreensão dos fatores que influenciam o surgimento do câncer colorretal em um país tão miscigenado quanto o Brasil.
Os pesquisadores investigaram variações no DNA chamadas de polimorfismos de nucleotídeo único a partir de amostras de sangue coletadas dos participantes.
Indivíduos com uma menor proporção de ancestralidade genética asiática tiveram risco 48% maior de desenvolver câncer colorretal, e aqueles com menor contribuição africana apresentaram 22% mais chances de serem acometidos pela doença.
Foco do Estudo
Estudo
Baixo componente de ascendência asiática ou africana pode influenciar o risco de desenvolvimento de câncer colorretal. Essa foi a conclusão do maior estudo já realizado no Brasil para a compreensão dos fatores que influenciam o surgimento da doença.
O estudo, publicado na revista científica JCO Global Oncology, analisou mais de 1.800 voluntários de diferentes estados brasileiros, entre os anos de 2001 e 2020.
O estudo foi liderado por pesquisadores do Hospital de Amor (Hospital de Câncer de Barretos), em colaboração com pesquisadores do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (ESALQ-USP) e também da Escola de Medicina da Universidade do Minho, em Portugal.
Um dos destaques da pesquisa foi tomar como elemento de análise a ancestralidade de uma população amplamente miscigenada, como é o caso da brasileira.
“Como a população brasileira é uma das mais miscigenadas do mundo, era fundamental investigar essa relação. Nossa análise de ancestralidade genética revelou que o risco de câncer colorretal está, de fato, ligado à origem étnica. Esse achado é crucial, pois a maioria dos estudos genéticos se concentra em populações de origem puramente europeia ou asiática, e nossos resultados mostram que o perfil de risco genético na nossa população tem particularidades que precisam ser consideradas”, destacou o Dr. Howard Lopes Junior, atualmente servidor técnico-administrativo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Hospital de Amor à época da pesquisa.
Para o estudo foi considerada uma amostra de 906 pacientes com diagnóstico de câncer colorretal e outras 906 pessoas que foram consideradas como grupo de controle, sem a doença.
A fim de que a comparação fosse a mais precisa possível, os grupos foram pareados por gênero e idade, e outros critérios importantes elencados pelos pesquisadores foram a exclusão de pessoas que tinham um histórico familiar de câncer colorretal hereditário, e a análise de voluntários de diferentes estados do Brasil. “Isso garante que nossos achados refletem a diversidade genética e geográfica do nosso país, e não apenas de uma única região”, disse o Dr. Howard Lopes Junior.
De cada um dos voluntários foi coletado aproximadamente 5 ml de sangue, posteriormente processados e armazenados no Biobanco do Hospital de Amor, que contém amostras e dados de pacientes de todo o país.
A partir desse material, os pesquisadores investigaram variações no DNA chamadas de polimorfismos de nucleotídeo único ou SNPs. A ideia era verificar no material genético dos voluntários a existência de 45 polimorfismos associados ao desenvolvimento de câncer colorretal.
Pela primeira vez validamos fatores de risco genético para o câncer colorretal em uma amostra tão grande e representativa da nossa população miscigenada. Até agora, dependíamos muito de dados de populações europeias, que não refletem nossa realidade. Esses achados podem e devem ser associados a políticas de prevenção mais eficazes. Na prática, isso significa que podemos usar esses marcadores genéticos para criar ferramentas, como os ‘escores de risco poligênico’, que nos ajudam a identificar pessoas com maior predisposição para desenvolver a doença, ou podemos personalizar a prevenção
Resultados
“Em nossa pesquisa, descobrimos que pequenas variações no nosso código genético (DNA), que funcionam como trocas de letras em um texto, podem aumentar ou diminuir o risco de uma pessoa desenvolver câncer colorretal. Validamos, especificamente para a população brasileira, a importância de quatro dessas variações genéticas, sendo que duas foram associadas a uma chance significativamente maior de desenvolver a doença e outras duas oferecem um efeito protetor”, explicou o Dr. Howard Lopes Junior.
A equipe observou que indivíduos com uma menor proporção de ancestralidade genética asiática tiveram risco 48% maior de desenvolver câncer colorretal.
Já aqueles que possuíam menor contribuição africana apresentaram 22% mais chances de serem acometidos pela enfermidade. Em contrapartida, foi detectado um efeito protetor associado à ancestralidade ameríndia intermediária.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica JCO Global Oncology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Agência UFC.
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