
Fonte
Sara Machado, FCTUC
Publicação Original
Áreas
Resumo
Um estudo internacional de longo prazo, que envolveu centenas de cientistas de todo o mundo, identificou os locais dos oceanos que são críticos para a vida da megafauna marinha.
Os pesquisadores relataram zonas em que espécies de aves marinhas, tubarões e baleias utilizam como áreas de residência ou corredores migratórios nos oceanos.
A pesquisa indicou os principais locais onde a proteção é crítica e sugeriu estratégias de mitigação a serem implementadas para a conservação das espécies estudadas.
Os cientistas destacaram que o atual Tratado das Nações Unidas para as Águas Internacionais – que visa aumentar as áreas protegidas de 8% para 30% da cobertura dos oceanos – é importante mas insuficiente para garantir a conservação da megafauna marinha.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A megafauna marinha inclui aves marinhas, tubarões e baleias, que são normalmente predadores de topo com papéis essenciais nas cadeias alimentares marinhas, mas enfrentam ameaças crescentes resultantes do impacto ambiental humano.
Atualmente, as áreas marinhas protegidas cobrem apenas 8% dos oceanos do mundo, sendo que o Tratado das Nações Unidas para as Águas Internacionais visa aumentar essa proteção para 30%.
Desse Tratado, resulta uma questão importante: proteger uma área de 30% dos oceanos seria suficiente para a conservação da megafauna marinha?
Estudo
Uma equipe internacional de quase 400 cientistas representando mais de 50 países acompanhou mais de 12 mil indivíduos de 110 espécies da megafauna marinha, durante 30 anos, e identificou os locais mais críticos nos oceanos de todo o mundo que exigem esforços para a conservação marinha.
A pesquisa faz parte do projeto ‘MegaMove’, liderado pela Universidade Nacional da Austrália (ANU) e financiado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O estudo teve como objetivo identificar as áreas utilizadas pela megafauna marinha para comportamentos importantes como alimentação, descanso e migrações – áreas que só podem ser detectadas com base nos padrões de movimento rastreados.
Do Brasil, participaram pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), do Projeto Tamar na Bahia, Fundação Florestal, Instituto do Mar (IMAR) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do Centro Tamar do ICMBIO no Espírito Santo.
O estudo foi publicado na revista Science.
O [projeto] MegaMove reúne uma rede internacional de pesquisadores para realizar investigação inovadora que promova a conservação global da megafauna marinha e seus habitats. A nossa pesquisa mostra que, para além das áreas protegidas, a implementação de estratégias de mitigação – como a alteração de artes de pesca, a utilização de diferentes luzes nas redes e esquemas de tráfego para navios – será fundamental para aliviar a pressão humana atual sobre estas espécies
Resultados
O estudo concluiu que os objetivos do atual Tratado das Nações Unidas para as Águas Internacionais – assinado por 115 países, mas ainda por ratificar – representam um passo na direção certa e serão fundamentais para apoiar a conservação marinha.
No entanto, segundo os pesquisadores, estes objetivos são insuficientes para cobrir todas as zonas críticas utilizadas por espécies ameaçadas da megafauna marinha, sugerindo que são necessárias medidas adicionais para mitigar as ameaças.
“Descobrimos que as áreas utilizadas por estes animais se sobrepõem significativamente com ameaças como a pesca, o tráfego marítimo, o aumento da temperatura das águas e a poluição por plásticos. Por exemplo, a cagarra, uma ave marinha que se reproduz nos arquipélagos dos Açores, Madeira e Berlengas, migra anualmente até à costa sul do Brasil, África do Sul ou Moçambique, demonstrando uma capacidade extraordinária de explorar o ambiente marinho, estando, por isso, exposta a diversas ameaças em diferentes bacias oceânicas”, explicou o Dr. Vítor Paiva, pesquisador do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, em Portugal.
“O mesmo ocorre com inúmeras espécies de tubarões, que percorrem milhares de quilômetros ao longo da sua vida e atravessam múltiplas áreas marinhas com regimes jurídicos distintos, dificultando a sua conservação devido à heterogeneidade das políticas de gestão e proteção desses recursos”, completou o Dr. André Afonso, também pesquisador do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.
O objetivo de proteger 30% dos oceanos é visto como útil, mas insuficiente para salvaguardar todas as áreas importantes, o que significa que são necessárias estratégias adicionais de mitigação para aliviar pressões fora das zonas protegidas. Em última análise, mesmo que os 30% de proteção fossem implementados nas zonas-chave utilizadas pela megafauna marinha, não seriam suficientes para as conservar
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
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Mais Informações
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