
Fonte
Kaitlyn Roman, Universidade Johns Hopkins
Publicação Original
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Resumo
Um estudo recente concluiu que o posicionamento do braço do paciente durante a leitura da pressão arterial pode fazer com que o resultado seja superestimado, o que pode levar a um diagnóstico incorreto de hipertensão.
Os pesquisadores descobriram que as medições de pressão arterial obtidas com posições de braço muitas vezes usadas na prática clínica —braço apoiado no colo ou braço sem apoio— foram consideravelmente maiores do que aquelas obtidas quando o braço estava apoiado em uma superfície como uma mesa.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A hipertensão é uma doença crônica de alta prevalência em todo o mundo, e é definida quando os valores da pressão arterial (PA) passam de 140 mmHg para a pressão arterial sistólica e de 90 mmHg para a pressão arterial diastólica (pressão comumente chamada de 14 por 9).
A pressão arterial alta não tratada aumenta o risco de derrame, ataque cardíaco e outras condições cardiovasculares graves. Como a hipertensão pode causar sintomas mínimos ou nenhum sintoma, muitas vezes é identificada apenas tardiamente, aparecendo apenas durante exames de rotina.
Na maioria dos casos, mudanças no estilo de vida, como perda de peso, dietas saudáveis e a prática de exercícios físicos, bem como o uso de terapia medicamentosa, podem manter a PA sob controle.
As últimas diretrizes de prática clínica da American Heart Association, nos EUA, enfatizam várias etapas importantes para uma medição precisa — incluindo tamanho apropriado do manguito, suporte para as costas, pés apoiados no chão com as pernas descruzadas e uma posição apropriada do braço, com o manguito ajustável posicionado ao nível do coração e o braço apoiado em uma superfície como uma mesa, por exemplo.
Apesar dessas recomendações, o acesso à pressão arterial muitas vezes se dá com o paciente sentado sem nenhum suporte de braço ou com suporte inadequado. Em alguns casos, o médico segura o braço, ou o paciente apoia o braço no colo.
Estudo
Um estudo liderado pela Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, examinou os efeitos de três posições diferentes do braço do paciente durante a leitura da pressão arterial: braço apoiado sobre uma mesa, braço apoiado no colo e braço sem apoio.
Os pesquisadores recrutaram 133 participantes adultos (78% negros, 52% mulheres) entre agosto de 2022 e junho de 2023. Os participantes do estudo, que tinham entre 18 e 80 anos, foram classificados aleatoriamente em diferentes grupos de acordo com a posição do braço.
As medições foram feitas durante uma única visita entre 9h e 18h. Antes das medições da PA serem feitas, todos os participantes primeiro esvaziaram suas bexigas e então caminharam por dois minutos para imitar um cenário clínico típico em que as pessoas entram em uma clínica ou consultório antes da triagem.
Os participantes então passaram por um período de descanso (sentados) de cinco minutos com as costas e os pés apoiados. Cada pessoa, usando um manguito de PA no braço selecionado e dimensionado com base no tamanho de seu braço, teve três conjuntos de medições triplicadas feitas com um dispositivo digital de pressão arterial com 30 segundos de intervalo entre as medições.
Após a conclusão de cada conjunto de três medições, o manguito foi removido, os participantes caminharam por dois minutos e descansaram por cinco minutos.
Na mesma ocasião, os participantes do estudo passaram por um quarto conjunto de medições triplicadas com o braço apoiado em uma mesa. Todas as medições foram conduzidas em um espaço tranquilo e privado, e foi solicitado aos participantes não falar com os pesquisadores ou usar seus telefones durante a triagem.
Se você está medindo consistentemente a pressão arterial em um braço sem apoio, e isso lhe dá uma PA superestimada de 6,5 mmHg, essa é uma diferença potencial entre uma PA sistólica de 123 e 130, ou 133 e 140 — que é considerada hipertensão estágio 2
Resultados
Os pesquisadores descobriram que o braço apoiado no colo levou a uma superestimativa de 3,9 mmHg para a pressão sistólica (o número mais alto da PA) e de 4 mmHg para a pressão diastólica.
Com a medição feita com o braço do participante sem apoio algum, a pressão sistólica foi superestimada em 6,5 mmHg e a pressão diastólica superestimada em 4,4 mmHg.
As descobertas confirmam que a posição do braço faz uma ‘enorme diferença’ quando se trata de uma medição precisa da pressão arterial, disse a Dra. Tammy Brady, vice-diretora de Pesquisa Clínica no Departamento de Pediatria da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e autora sênior do estudo.
Os pesquisadores alertam que os resultados do estudo podem ser aplicados apenas durante triagens com dispositivos de PA automatizados e podem não ser aplicados a leituras feitas com outros dispositivos de PA.
A conclusão do estudo ressalta a importância de aderir às diretrizes clínicas que exigem apoio firme em uma mesa ou outra superfície ao medir a pressão arterial.
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica JAMA Internal Medicine.
Os pacientes devem observar [a medição da PA] no ambiente clínico e também em casa
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
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Mais Informações
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