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Mesmo sem evidências científicas sólidas, a prática do jejum tem sido amplamente divulgada por influenciadores e até profissionais de saúde como uma prática benéfica para a saúde, levando à redução de peso e controle de doenças metabólicas.
Mas pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revelou que o jejum pode acentuar comportamentos alimentares desordenados, especialmente entre jovens.
Publicado na revista científica Journal of the National Medical Association, o estudo avaliou 458 estudantes da USP, divididos entre praticantes de jejum nos últimos três meses e não praticantes.
A análise estatística apontou para uma relação diretamente proporcional entre as horas de jejum acordado – quando há mais esforço mental para fazê-lo – e a presença de características como compulsão alimentar, desejos por comida e consumo de alimentos tidos como ‘proibidos’ para quem deseja emagrecer, como os gordurosos e com muito açúcar.
“Aqueles [jejuadores] com episódios severos de compulsão tiveram uma taxa 140% maior de horas de jejum em comparação aos não compulsivos. Além disso, a cada aumento na escala de desejo por comida, houve aumento também nas horas de jejum”, detalhou Jônatas de Oliveira, autor do estudo, nutricionista e doutorando na FMUSP.
O estudo não realizou o diagnóstico de transtorno alimentar, o que requer uma entrevista clínica. Porém, com base nos instrumentos utilizados, que têm uma alta sensibilidade para detecção de riscos, foi possível verificar o nível de compulsividade.
Segundo o pesquisador, os dados sugerem que o jejum, ao invés de ser uma estratégia eficaz de controle alimentar, pode estimular um ciclo de restrição e descontrole, agravando sintomas de compulsão. “Essas práticas não apenas comprometem a relação do indivíduo com a alimentação, mas também têm implicações para a saúde mental”, destacou.
“Nem os riscos nem os benefícios do jejum intermitente foram totalmente estudados ainda. Ele pode ter resultados positivos em curto prazo para indivíduos que não são predispostos a desenvolver transtornos alimentares, mas pode ser prejudicial para populações que estão no grupo de risco, como adolescentes”, acrescentou o doutorando.
Esses achados trazem novas perspectivas sobre os riscos associados às práticas alimentares restritivas, que já têm sido desaconselhadas por especialistas do campo da nutrição comportamental.
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Acesse a revista científica Journal of the National Medical Association (em inglês).
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Acesse a notícia original completa na página do Jornal da USP.
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