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José Tadeu Arantes, Agência FAPESP
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Resumo
Um trabalho desenvolvido por pesquisadores da UNESP em Bauru combinou estruturas clássicas e quânticas em um modelo de redes neurais para o apoio ao diagnóstico do câncer de mama através de imagens de mamografias e ultrassonografias.
Em vez de usar um processador quântico verdadeiro, os pesquisadores utilizaram uma plataforma clássica, como o framework PennyLane, que reproduz o comportamento ideal de um circuito quântico sem ruídos ambientais.
Mesmo utilizando um circuito com apenas quatro qubits, a rede híbrida obteve um desempenho de até 87,2% de acurácia no conjunto de teste e 86,1% no conjunto de validação.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) propôs um modelo híbrido quântico-clássico para apoiar o diagnóstico de câncer de mama a partir de imagens médicas.
O trabalho – publicado nos anais do 38º International Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS) – descreve uma rede neural híbrida que combina camadas quânticas com camadas clássicas, utilizando uma abordagem conhecida como quanvolutional neural network (QNN). O modelo foi aplicado a imagens de mamografias e ultrassonografias com o objetivo de classificar lesões como benignas ou malignas.
O trabalho faz parte do projeto de iniciação científica de Yasmin Rodrigues, que é a primeira autora do estudo, orientada pelo Dr. João Paulo Papa, professor do Departamento de Computação da Faculdade de Ciências da Unesp em Bauru e autor sênior do artigo.
A detecção precoce do câncer de mama é crucial para aumentar as chances de cura e sobrevida. No entanto, métodos tradicionais, como a mamografia, dependem fortemente da interpretação humana, o que pode levar a variações no diagnóstico.
O que distingue o trabalho da Unesp de outras iniciativas em inteligência artificial aplicada à saúde é a adoção de uma camada de convolução quântica associada a uma camada clássica. “Assim como a convolução clássica, o objetivo da convolução quântica é extrair características locais de dados estruturados, como imagens. Mas ela o faz aproveitando propriedades únicas dos sistemas quânticos, como superposição e emaranhamento, que possibilitam processar informações com muito mais eficiência e rapidez”, explicou o professor João Paulo Papa.
No estudo, a camada quântica, composta por quatro qubits (bits quânticos), substituiu a operação tradicional de extração de características das imagens.
“O que fizemos, basicamente, foi passar as imagens por esse circuito quântico de quatro qubits, com operações de rotação e portas lógicas. Isso nos possibilitou obter as medições necessárias. Depois, as imagens seguiram para camadas clássicas simples, que entregaram a classificação final”, detalhou Yasmin Rodrigues.
O estudo não utilizou um processador quântico verdadeiro, mas uma plataforma clássica, como o framework PennyLane, que reproduz o comportamento ideal de um circuito quântico sem ruídos ambientais.
Simuladores como os que utilizamos funcionam inteiramente em plataformas clássicas, não usam qubits reais, mas dão uma ideia de como os circuitos se comportariam no mundo quântico ideal. São livres de erros, livre de variações do ambiente que afetam bastante os computadores quânticos atuais. A rede clássica que melhor performou tinha 11 milhões de parâmetros. A nossa, com a camada quântica, tinha cerca de 5 mil. Isso muda tudo
No estudo, as informações codificadas nos qubits foram pixels das imagens de mamografia e ultrassonografia. Às vezes, um pixel apenas; às vezes, mais de um. O modelo foi testado com duas bases de dados: BreastMNIST (com imagens de ultrassonografia) e BCDR (com mamografias segmentadas).
Mesmo utilizando um circuito com apenas quatro qubits, a rede híbrida obteve desempenho competitivo. No melhor caso, alcançou 87,2% de acurácia no conjunto de teste e 86,1% no de validação. “A ideia foi criar uma arquitetura que poderá ser utilizada e aprofundada em outros estudos”, disse Yasmin.
Embora o estudo tenha focado o câncer de mama, os autores destacam que a arquitetura desenvolvida pode ser aplicada a outras áreas. Pode, por exemplo, ser usada para análise de lesões cerebrais ou classificação de tecidos em imagens de microscopia.
“Estamos dando o primeiro passo em direção a um novo paradigma de computação para diagnóstico médico. É um campo promissor e que tende a crescer muito nos próximos anos”, concluiu Yasmin Rodrigues.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Mais Informações
Acesse o resumo do trabalho publicado no 38º International Symposium on Computer-Based Medical Systems (CBMS).
Acesse a notícia original completa publicada na Agência FAPESP.
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