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Inês Amado da Silva e Catarina Ribeiro, Universidade de Coimbra
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Resumo
Cientistas de Portugal e da Dinamarca realizaram um avanço significativo na direção da cura de feridas diabéticas ao usarem uma abordagem molecular que inibe, simultaneamente, dois microRNAs.
Os pesquisadores testaram o efeito da inibição dos microRNAs através de moléculas projetadas tanto em células humanas como em camundongos com diabetes tipo 1.
Com o sucesso dos testes – o tamanho das feridas foi reduzido de forma significativa em dez dias – o trabalho cria bases para futuras abordagens personalizadas e mais eficazes no tratamento de feridas crônicas, especialmente para pessoas com diabetes.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Existem cerca de 540 milhões de casos de diabetes em todo o mundo.
Em pessoas com diabetes, a cicatrização de feridas é prejudicada pela glicemia alta, má circulação e potenciais infecções, o que frequentemente leva a uma recuperação lenta e complexa, favorecendo o aparecimento de úlceras difíceis de curar.
Uma quantidade significativa de casos de úlcera diabética acaba resultando em amputações.
Portanto, o aparecimento de feridas em pessoas diabéticas exige um tratamento que inclua controle rigoroso da glicose, cuidados com a ferida (limpeza adequada e uso de curativos corretos), e acompanhamento médico especializado para prevenir complicações.
Estudo
Um novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, e da Universidade Roskilde, na Dinamarca, mostrou uma cicatrização quase total de feridas diabéticas ao final de dez dias, através de uma abordagem molecular que inibe, simultaneamente, dois microRNAs.
O método pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas terapias que melhorem o tratamento de feridas em pessoas diagnosticadas com diabetes.
“O objetivo do estudo foi investigar se bloquear dois microRNAs – o miR-146a-5p e o miR-29a-3p, que são pequenas moléculas que regulam a expressão genética e que descobrimos estarem aumentadas na pele de pessoas com diabetes – poderia melhorar a cicatrização destas feridas”, explicaram o Dr. Ermelindo Leal e a Dra. Eugénia Carvalho, pesquisadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.
Estes futuros alvos de terapia molecular podem ter o potencial de melhorar significativamente as feridas e a recuperação de pacientes, podendo reduzir o tempo de internamento hospitalar, diminuir o risco de amputações e, assim, aliviar o peso econômico e social associado. Também podem potencializar estratégias semelhantes aplicadas a outras patologias marcadas por cicatrização deficiente ou inflamação crônica
Resultados
Segundo os cientistas, os resultados publicados na revista científica Diabetologia “abrem novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias inovadoras que atuem diretamente sobre o miR-146a-5p e o miR-29a-3p, com potencial para modular processos-chave envolvidos na cicatrização de feridas, como a inflamação, o stress oxidativo, a formação de novos vasos sanguíneos e a remodelação da matriz extracelular”.
Para alcançar estes resultados, os pesquisadores testaram o efeito da inibição dos microRNAs através de moléculas desenhadas para o efeito, tanto em células humanas como em camundongos com diabetes tipo 1. Posteriormente, foram analisadas as consequências ao nível da inflamação, formação de novos vasos sanguíneos e remodelação tecidual.
Nos testes com animais, a abordagem terapêutica reduziu o tamanho das feridas de forma significativa em dez dias, com alterações que levaram a uma pele mais resistente e estruturalmente mais organizada.
Ao identificar os dois microRNAs como alvos terapêuticos promissores, o trabalho cria bases para futuras abordagens personalizadas e mais eficazes no tratamento de feridas crônicas, especialmente para pessoas com diabetes.
Também participaram do estudo pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca e da Universidade Aalborg, na Dinamarca.
Este estudo tem grande relevância social, especialmente num contexto global em que a diabetes é uma doença que afeta milhões de pessoas – causando dor, infeções recorrentes, hospitalizações frequentes e até amputações – e [isso] apresenta uma tendência de crescimento contínuo
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
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Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Coimbra.
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