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Resumo
Considerada uma forma de violência de gênero que ocorre durante a gestação, o parto e o puerpério (pós-parto), a violência obstétrica se manifesta por meio de práticas abusivas, desrespeitosas, coercitivas ou negligentes. Entre as condutas mais comuns estão gritos durante o parto, intervenções médicas desnecessárias, ausência de informação e de consentimento, além de agressões verbais e psicológicas.
Mesmo sendo uma violação dos direitos humanos das mulheres, capaz de gerar consequências físicas e psicológicas graves para mães e bebês, a violência obstétrica ainda não é definida por uma legislação federal, nem possui penalidades específicas para os responsáveis.
Com o objetivo de sensibilizar profissionais de saúde e garantir que as mulheres conheçam seus direitos, Emmanuele Mainart Ildefonso, mestranda do Programa de Pós-Graduação Prática do Cuidado em Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR), desenvolveu uma série de vídeos sobre as garantias das mulheres atendidas no Complexo do Hospital de Clínicas da UFPR (CHC-UFPR) durante o ciclo gravídico-puerperal e a prevenção da violência obstétrica institucional.
A Dra. Laura Christina Macedo, orientadora do projeto e professora do Departamento de Enfermagem da UFPR, explicou que, assim como outras formas de violência contra a mulher, a violência obstétrica institucional é frequentemente naturalizada e, por isso, nem sempre reconhecida pela vítima.
As formas de violência podem ocorrer desde o pré-natal até o pós-parto e vão desde a falta de informação; a negligência; o preconceito racial, cultural e religioso; o cerceamento da liberdade da mulher e da presença do acompanhante; até violências verbais, físicas, psicológicas; e a realização de intervenções desnecessárias.
É comum que a mulher só se dê conta da violência que viveu depois de sair daquela situação de vulnerabilidade e começar a refletir sobre o ocorrido. “É aí que, geralmente, ela toma consciência de que seu corpo e suas vontades foram desrespeitados”, afirmou a professora Laura.
O material produzido durante o mestrado de Emmanuele busca informar mulheres, familiares e acompanhantes sobre cada etapa do período gestacional, como forma de prevenir novos casos de violência obstétrica institucional.
A série é composta por seis vídeos que abordam desde o pré-natal até a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Os episódios explicam os direitos das mulheres em cada fase — do atendimento inicial ao pós-parto — e destacam situações que configuram violência obstétrica institucional.
Principalmente em um momento em que muitas informações não confiáveis são veiculadas em várias mídias e nas redes sociais, projetos como esse tentam ampliar o alcance das informações confiáveis.
“Um diferencial do projeto foi a participação ativa de profissionais de diferentes setores do CHC-UFPR, que contribuíram com ideias e atuaram na produção dos vídeos. Isso ajuda a aproximar a equipe das usuárias e a desmistificar o hospital, muitas vezes visto como um ambiente desconhecido e hostil”, comentou a professora.
Emmanuele também acredita que, pelo fato de a construção ter sido coletiva, ela se torna muito mais rica. “Construímos algo que é de todos para todos. Esperamos poder contribuir para reduzir a violência obstétrica e proporcionar uma assistência segura, humanizada e respeitosa”.
O estudo também foi publicado na Revista Brasileira de Enfermagem.
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