
Iryna Inshyna via Shutterstock
Fonte
Elenita Araújo e Danielle Morais, Coordenadoria de Comunicação Social da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)
Publicação Original
Áreas
Compartilhar
Resumo
Uma publicação recente da Ebserh – a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – que administra vários dos Hospitais Universitários federais no Brasil, destacou a importância do envolvimento de múltiplos profissionais da Saúde no enfrentamento dos desafios de garantir a sobrevivência e a qualidade de vida de bebês prematuros – aqueles que nascem com menos de 37 semanas de gestação.
O acompanhamento no pré-natal, com o seguimento da saúde da mãe e do bebê e a realização de exames preventivos, os cuidados durante e após o parto e o atendimento às famílias costumam envolver várias áreas da saúde para garantir que a nova vida que está começando possa se desenvolver da melhor maneira possível.
No Brasil, cerca de 12% dos nascimentos ocorrem antes das 37 semanas de gestação — o que representa entre 300 e 340 mil bebês prematuros por ano, segundo o Ministério da Saúde. O país está entre os dez com maior número absoluto de partos prematuros no mundo. O desafio, porém, vai além da sobrevivência: é garantir qualidade de vida dos bebês.
Para a Dra. Daniela Marques Ferreira – professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), médica neonatologista e chefe da UTI Neonatal do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) – a prematuridade segue sendo um grande desafio de saúde pública: “Embora tenhamos avançado muito em diagnóstico, prevenção e cuidados neonatais, o número de partos prematuros permanece elevado. O desafio atual é duplo: reduzir a incidência da prematuridade e garantir a sobrevida com qualidade, minimizando as complicações a curto e a longo prazo”.
Conforme a idade gestacional, um bebê prematuro pode ser classificado como extremamente prematuro (menos de 28 semanas), muito prematuro (entre 28 e 31 semanas) ou moderadamente prematuro (entre 32 e 36 semanas). Quanto menor a idade gestacional, maior a complexidade do cuidado.
Entre os principais fatores associados ao parto prematuro, a médica destacou infecções maternas, hipertensão na gestação, diabetes gestacional, gravidez de gêmeos ou múltiplos, malformações fetais e alterações uterinas. “Também há influência de fatores sociais, como o início tardio do pré-natal, estresse materno, tabagismo e o uso de substâncias ilícitas. Em muitos casos, entretanto, a causa exata não é identificada”, explicou a Dra. Daniela Ferreira.
No HC-UFU, cerca de 250 recém-nascidos prematuros são atendidos por ano na UTI Neonatal. O hospital prioriza o Método Canguru, que incentiva o contato pele a pele entre bebê e os pais, fortalecendo o vínculo afetivo e contribuindo para o ganho de peso, a estabilidade clínica e o desenvolvimento neurológico. O cuidado é multiprofissional, envolvendo médicos neonatologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e farmacêuticos clínicos.
Os principais desafios imediatos são garantir a estabilidade respiratória, o controle da temperatura corporal, a manutenção da glicemia e a prevenção de infecções. Além disso, é essencial oferecer suporte nutricional adequado para favorecer o crescimento e o desenvolvimento neurológico
A Dra. Bruna de Sá Auto – professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), médica neonatologista e chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da UFAL (HUPAA-UFAL) – reforçou que o pré-natal de qualidade é o principal instrumento de prevenção da prematuridade: “Não basta garantir o acesso ao pré-natal; é preciso assegurar também o acesso oportuno aos exames e o retorno rápido. Quando uma gestante não faz uma ultrassonografia no primeiro trimestre ou demora semanas para receber o resultado de um exame, perde-se o tempo de tratar infecções ou identificar condições pré-eclâmpsia e diabetes gestacional”, explicou.
A especialista destacou a importância de identificar precocemente fatores de risco, como diabetes gestacional, obesidade, idade materna nos extremos, histórico de perdas gestacionais e partos prematuros anteriores. “A prevenção começa com o cuidado perinatal, que une obstetras, enfermeiros e neonatologistas em um trabalho integrado, com toda a equipe multiprofissional”.
No HUPAA-UFAL, a assistência neonatal atua desde o primeiro minuto de vida, com equipe treinada em reanimação neonatal na sala de parto, conforme diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Cada minuto importa”, resumiu a Dra. Bruna. Em 2024, o HUPAA atendeu 672 recém-nascidos prematuros, o que corresponde a 39,25% dos nascidos vivos na maternidade.
Apoio também para a família
O nascimento prematuro costuma vir acompanhado de medo, ansiedade e incertezas. Na UTI Neonatal do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), o trabalho da equipe é fundamental no apoio às famílias.
De acordo com a psicóloga Dra. Andreia Thurler, a unidade busca oferecer um cuidado que envolve o recém-nascido, os familiares e a rede de apoio, promovendo o desenvolvimento do bebê, a proteção neurocerebral e o fortalecimento dos vínculos afetivos. “O envolvimento precoce da família é essencial para o desenvolvimento do bebê e para a vinculação mãe-bebê”, apontou.
O acompanhamento tem início ainda na gestação, com integração entre as equipes da maternidade e da neonatologia, e segue após a alta hospitalar, por meio do ambulatório de follow-up, que monitora o desenvolvimento do bebê até os dois anos de idade.
A equipe multiprofissional do HUAP-UFF atua em atendimentos individuais e grupais. “Os pais de bebês prematuros vivenciam uma ‘prematuridade de emoções’. A Psicologia oferece um espaço de escuta e apoio, ajudando-os a elaborar sentimentos e a participar ativamente do cuidado”, concluiu a Dra. Andreia.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
Notícias relacionadas

Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Universidade de Nova Gales do Sul






