
Fonte
Nikki Mandow, Universidade de Auckland
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Resumo
Para melhorar o controle da pressão cerebral em caso de implante de shunt cerebral para drenagem de líquor no cérebro em pesssoas com hidrocefalia, pesquisadores da Nova Zelândia desenvolveram um novo sensor sem fio que permite o monitoramento da pressão e, em última análise, verifica o correto funcionamento do shunt.
A tecnologia, ainda em testes iniciais em humanos, pretende identificar oscilações de pressão devidas ao mau funcionamento do dreno e ajudar a evitar evoluções potencialmente graves do aumento de pressão cerebral, principalmente em crianças.
A hidrocefalia é uma doença neurológica que leva ao acúmulo de líquido cefalorraquidiano (líquor) no cérebro e pode causar danos importantes ao órgão.
O tratamento padrão consiste em instalar um dispositivo (shunt cerebral) através de uma cirurgia, para que o excesso de líquido possa ser drenado do cérebro para outra parte do corpo. Porém, o pequeno cateter pode sofrer algum tipo de obstrução – principalmente em crianças – e a pressão cerebral pode aumentar inadvertidamente, levando o paciente a crises e podendo até colocar em risco sua vida.
Mas recentemente, na Nova Zelândia, médicos do Auckland City Hospital implantaram um novo sensor sem fio para a verificação da pressão cerebral em pacientes com hidrocefalia, inicialmente em adultos e agora em uma criança.
Os testes, pioneiros em todo o mundo, visam garantir a qualidade de vida de pacientes com hidrocefalia, melhorando a monitorização da pressão cerebral e informando continuamente se o shunt cerebral está funcionando bem ou não.
O novo sensor de pressão implantável foi desenvolvido por uma equipe de pesquisa do Instituto de Bioengenharia Auckland, liderada pelo Dr. Simon Malpas, professor da Universidade de Auckland.
Há uma forte possibilidade de que possamos obter aprovações regulatórias na Nova Zelândia muito antes [do que nos EUA], provavelmente por conta do teste que está em andamento agora. Há uma oportunidade para que os pacientes da Nova Zelândia sejam os primeiros no mundo a ter o tratamento [com o novo sensor]
O pesquisador destacou que cerca de 50% dos shunts em crianças falham nos primeiros dois anos. Quando um shunt fica bloqueado, ele precisa ser substituído rapidamente antes que a pressão elevada cause danos irreparáveis ou morte. O problema para os médicos é que os sintomas de falha no shunt – como dores de cabeça, náusea, cansaço e irritabilidade – podem ser causados também por motivos não tão graves.
Segundo os especialistas de Auckland, cerca de 70% das vezes que as pessoas com hidrocefalia procuram um pronto-socorro com sintomas que sugerem que o dreno pode estar falhando, é um alarme falso.
E o novo sensor pretende justamente resolver esse problema. O dispositivo de forma retangular com uma tira eletrônica interna tem dimensões de 20 mm x 2 mm x 3 mm e pesa apenas 0,3 gramas.
O novo sensor é implantado no crânio ao lado do shunt de drenagem quando o shunt é substituído ou quando é inserido pela primeira vez. Uma vez no cérebro, o sensor é acionado e faz a leitura da pressão cerebral. Assim, a pessoa com hidrocefalia, seus pais ou cuidadores podem ver se a pressão está elevada ou normal, inclusive em casa.
Segurança e testes
Antes do início dos testes atuais em seres humanos, o sensor passou por um rigoroso processo de testes em laboratório e, em seguida, foi implantado com sucesso em ovelhas na Fazenda de Pesquisa da Universidade de Auckland, esclareceu o professor Simon Malpas.
O teste piloto atual envolve números pequenos — cerca de 20 pacientes, entre adultos e crianças. Mas a próxima fase é um estudo clínico com 150 pessoas na Nova Zelândia e nos EUA, que receberão o implante do sensor para então médicos e pesquisadores analisarem os impactos no atendimento clínico e na qualidade de vida dos pacientes.
Essa próxima fase de testes está programada para começar no início de 2026. Com o sucesso nesta nova fase, a startup Kitea Health, fundada pelo professor Simon Malpas para a comercialização do dispositivo, estará pronta pra solicitar a aprovação regulatória nos EUA.
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