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Universidade de Buenos Aires
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Resumo
Pesquisadores da Universidade de Buenos Aires destacaram a dimensão do problema de saúde pública causado pela hipertensão arterial, bem como as implicações da qualidade da dieta na manutenção da condição.
A qualidade nutricional dos alimentos consumidos, muitas vezes ultraprocessados que contêm uma grande quantidade de sódio, influencia diretamente na manutenção de altos níveis de pressão arterial.
Neste sentido, é fundamental a importância da educação alimentar, que pode contribuir para melhor conscientização sobre como a qualidade dos alimentos influencia diretamente a saúde.
Há aproximadamente 1,3 bilhão de pacientes hipertensos no mundo, dois terços dos quais têm menos de 65 anos. A hipertensão é uma das principais causas de doenças cardiovasculares no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que 4 em cada 5 pessoas com hipertensão não recebem tratamento adequado.
A Dra. Analía Tomat, professora de Fisiologia da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de Buenos Aires (UBA), alertou que “a hipertensão é uma doença crônica e silenciosa que causa danos a vários órgãos do corpo, como rins, coração, vasos sanguíneos, olhos e sistema nervoso. Portanto, a hipertensão é uma causa muito importante de doenças cerebrovasculares, infarto do miocárdio e doença renal crônica”.
O Dr. Marcelo Choi, professor de Anatomia e Histologia da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UBA, enfatizou que “o foco deve ser o paciente, os profissionais de saúde, o governo e as instituições de ensino. De um lado, há a falta de adesão e acompanhamento por parte dos pacientes. De outro, há a inércia dos profissionais de saúde em aferir a pressão arterial e em estabelecer e/ou modificar o tratamento adequado. E, por fim, as ações exigidas por políticas públicas de saúde, instituições de ensino e sociedades científicas que, apesar dos seus esforços, não conseguem atender às demandas necessárias em resposta ao problema de saúde pública que a hipertensão representa.”
A professora Analía Tomat destacou a importância de expandir os espaços de medição da pressão arterial. “Os exames devem se tornar rotina em todas as consultas médicas especializadas, incluindo pediatria. O ideal seria que, antes da consulta com um especialista, a pressão arterial dos pacientes fosse aferida com equipamentos validados e por profissionais treinados”.
Acredito que as consultas on-line e/ou o tempo limitado necessário para consultas presenciais não permitem a conexão adequada entre paciente e médico, o que é necessário para medições precisas da pressão arterial e do peso corporal, e para a realização de um histórico médico completo que permita entender o estilo de vida, o histórico familiar e os fatores de risco dos pacientes
A importância da alimentação para a pressão arterial
A OMS recomenda que adultos consumam menos de 2 g/dia de sódio, o equivalente a menos de 5 g/dia de sal: pouco menos de uma colher de chá. Nesse sentido, o professor Marcelo Choi enfatizou “a importância de ler atentamente o conteúdo de sódio nos rótulos dos produtos, pois essa é uma maneira das pessoas identificarem produtos que podem aumentar a pressão arterial”.
Os pesquisadores observaram também que a relação entre alto consumo de alimentos ultraprocessados e má qualidade da dieta está ligada à sua alta disponibilidade comercial e ao uso de marketing agressivo que promove seu consumo excessivo.
O Dr. Marcelo Choi explicou que “o consumo de sódio não se limita apenas ao sal adicionado aos alimentos, mas também ao sal contido neles. [Na Argentina] estima-se que entre 65% e 70% do sal que consumimos seja proveniente de alimentos processados ou industrializados, como molhos e pastas, assados, embutidos, queijos, caldos, salgadinhos, salgadinhos e conservas. Quinze por cento do consumo de sal corresponde ao sal adicionado aos alimentos durante o preparo (na forma de sal, caldo ou cubos de caldo) ou à mesa (shoyu, molho de peixe, sal de cozinha). Enquanto isso, apenas 12% provém de alimentos não processados, como frutas, verduras e carnes. Ou seja, a maior porcentagem de sódio é encontrada em alimentos processados, onde o consumidor não tem poder de decisão sobre a quantidade de sal adicionada a esses alimentos.”
“Então, o que precisamos fazer é pensar em mudar nossos hábitos alimentares, revalorizar a culinária caseira usando alimentos naturais e não ultraprocessados e considerar como substituir o sal adicionado por ervas, especiarias, sementes e limão”, destacou a professora Analía Tomat.
A professora alertou que “embora pareça haver mais conscientização, o estilo de vida acelerado dificulta a manutenção de bons hábitos alimentares. Estamos constantemente em movimento, lidando com situações estressantes. Tudo isso gera ansiedade, e comemos a primeira coisa que encontramos pela frente — um produto processado. Por outro lado, há questões relacionadas a fatores socioeconômicos. Comer de forma saudável não é barato, e mudar hábitos de vida exige um compromisso especial”.
“Todo comportamento vem do que aprendemos em casa e na escola. Como preparamos o lanche para nossos filhos? Colocamos uma fruta ou um biscoito?”, concluiu a Dra. Analía Tomat.
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