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Fungicidas usados no cultivo de café afetam hormônios e enzimas do fígado de agricultores do Sul de Minas
14 de outubro de 2024, 08:05

Fonte

Ana Carolina Araújo, Jornal UNIFAL-MG

Publicação Original

Áreas

Agricultura, Agronomia, Análises Clínicas, Bioquímica, Toxicologia

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Resumo

Pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), com a colaboração de pesquisadora da UNIFENAS e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA, investigaram amostras biológicas (sangue e urina) coletadas junto a agricultores de café da região do sul de Minas.

As amostras foram coletadas entre 2019 e 2024 e foram analisadas no Laboratório de Análises de Toxicantes e Fármacos (LATF) da UNIFAL-MG.

Com o uso de toxicologia computacional para avaliar a bioatividade dos triazóis e prever os riscos à saúde humana, o grupo detectou níveis elevados de fungicidas triazóis na urina dos trabalhadores rurais, bem como alterações celulares e hormonais significativas.

A pesquisa foi coordenada pela Dra. Isarita Martins, toxicologista, pesquisadora e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG, e desenvolvida pelos pesquisadores Luiz Paulo de Aguiar Marciano e Luiz Filipe Costa.

A coleta de dados envolveu 190 voluntários, divididos em dois grupos: 140 trabalhadores rurais, ocupacional e ambientalmente expostos a agrotóxicos, e 50 moradores de áreas urbanas, não expostos ocupacionalmente, que serviram como grupo de controle.

“Três fungicidas triazóis – ciproconazol, epoxiconazol e triadimenol – foram detectados nas amostras de urina de homens e mulheres do grupo rural, através de análise realizada no Laboratório de Análises de Toxicantes e Fármacos”, revelou a Dra. Isarita Martins.

Segundo a pesquisadora, com o uso de software específico, foi verificada bioatividade, in vitro, para os três triazóis detectados na urina dos expostos e para outros três ingredientes ativos das formulações dos agrotóxicos.

“Foi verificado aumento na frequência de alterações celulares associadas a efeitos genotóxicos, pelo ensaio do citoma de células de mucosa bucal, desequilíbrio oxidativo, pelos marcadores de estresse oxidativo, e redução nos níveis dos hormônios androstenediona e testosterona, no grupo dos trabalhadores agrícolas”, detalhou a pesquisadora.

“Considerando o maior valor detectado de epoxiconazol urinário, foi caracterizado um risco duas vezes maior que o aceitável para a população estudada, o que é significativo para a saúde humana, particularmente pela alta frequência e intensidade da exposição”, concluiu a Dra. Isarita Martins.

O estudo foi publicado nas revistas científicas Chemico-Biological Interactions, Regulatory Toxicology and Pharmacology e Science of The Total Environment.

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Autores/Pesquisadores Citados

Professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG
Pesquisador especialista em Toxicologia Computacional
Doutorando em Ciências Farmacêuticas pela UNIFAL-MG

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