
Dr. Raimondo Ascione, Universidade de Bristol
Protótipo da válvula cardíaca artificial
Fonte
Universidade de Bristol
Publicação Original
Áreas
Compartilhar
Resumo
No Reino Unido, pesquisadores estão desenvolvendo uma nova válvula cardíaca artificial de próxima geração, que promete ter longa vida útil ao mesmo tempo que não exigiria anticoagulantes por toda a vida do paciente.
Usando um polímero termoplástico específico, protótipos de nível de pesquisa da válvula foram implantados cirurgicamente em 7 ovelhas como parte dos testes para garantia da qualidade e segurança do material e do implante.
Os animais foram acompanhados durante 6 meses, não sendo relatadas evidências de calcificação prejudicial (acúmulo de minerais) ou deterioração do material, coagulação sanguínea ou sinais de toxicidade celular.
O próximo passo é o desenvolvimento de uma versão de nível clínico da válvula cardíaca para testes em estudo pré-clínico com amostra maior, antes de buscar aprovação para um ensaio clínico piloto em humanos.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Atualmente, pacientes que precisam substituir válvulas cardíacas enfrentam um dilema: enquanto as válvulas cardíacas mecânicas são duráveis, mas requerem anticoagulantes por toda a vida, as válvulas cardíacas biológicas (de tecido animal) são mais naturais, mas frequentemente apresentam uma vida útil menor.
Portanto, existe o desafio tecnológico de produzir válvulas cardíacas que apresentem bons resultados nos dois aspectos: que tenham longa vida útil e que o paciente não precise de anticoagulantes.
Estudo
Pesquisadores da Universidade de Bristol e da Universidade Cambridge, no Reino Unido, apresentaram novos resultados do desenvolvimento de uma válvula cardíaca de próxima geração, fabricada com material plástico. A pesquisa demonstrou que o material é seguro após o implante em um modelo animal durante seis meses.
O estudo, financiado pela British Heart Foundation (BHF), foi publicado na revista científica European Journal of Cardio-Thoracic Surgery.
O novo tipo de válvula cardíaca artificial é produzida com um plástico especial chamado estireno-etileno-butileno-estireno (SEBS), um elastômero termoplástico que pode oferecer durabilidade, sem necessidade do uso de anticoagulantes. Mas a segurança desse novo material precisa ser confirmada antes que a válvula possa ser testada em humanos.
No novo estudo, os pesquisadores testaram um protótipo de nível de pesquisa da válvula em um modelo pré-clínico de cirurgia cardíaca que mimetizou o desempenho dessas válvulas em humanos. A equipe implantou o protótipo de válvula cardíaca artificial polimérica em sete ovelhas, um procedimento realizado por uma unidade pré-clínica independente em Paris, na França.
Atualmente, 1,5 milhão de pacientes em todo o mundo precisam de substituição de válvulas cardíacas todos os anos. As válvulas cardíacas de mais de 35 milhões de pacientes são permanentemente danificadas pela febre reumática e, com o envelhecimento da população, prevê-se que esse número aumente de quatro a cinco vezes até 2050. Nossas descobertas podem marcar o início de uma nova era na fabricação de válvulas cardíacas artificiais a partir do novo material plástico — uma era que pode oferecer opções mais seguras, duráveis e amigáveis para pacientes de todas as idades, com menos comprometimentos
Resultados
Os animais e seu bem-estar foram monitorados por seis meses para examinar potenciais problemas de segurança em longo prazo associados ao material plástico, como acúmulo de minerais (calcificação), dissolução do material, coágulos sanguíneos, danos ao tecido cardíaco em contato com o material, câncer, morte celular, insuficiência hepática ou renal, nutrição e peso, além de outros potenciais problemas.
A pesquisa constatou que, após seis meses, não havia evidências de calcificação prejudicial (acúmulo de minerais) ou deterioração do material; coagulação sanguínea ou sinais de toxicidade celular. A saúde, o bem-estar, os resultados dos exames de sangue e o ganho de peso ao longo do tempo dos animais estavam estáveis e normais, e o protótipo de válvula cardíaca funcionou bem durante todo o período de teste, sem necessidade de anticoagulantes.
O Dr. Geoff Moggridge, professor de Engenharia Química na Universidade de Cambridge e líder de biomateriais do projeto, afirmou: “Estamos satisfeitos que o novo material plástico tenha se mostrado seguro após 6 meses de testes in vivo. Confirmar a segurança do material foi um passo essencial e tranquilizador para nós, e um sinal verde para avançarmos com a nova válvula cardíaca substituta rumo aos testes em leito de paciente”.
Os primeiros resultados de laboratório dos pesquisadores sugerem que suas válvulas cardíacas artificiais feitas de SEBS podem apresentar excelente durabilidade e hemocompatibilidade, ou seja, sem a necessidade de anticoagulantes por toda a vida.
Embora esta ainda seja uma pesquisa em estágio inicial e as limitações do tamanho da amostra no estudo sejam evidentes, os resultados representam um grande avanço para futuros testes em humanos.
O próximo passo será desenvolver uma versão de nível clínico da válvula cardíaca de polímero SEBS para testes em estudo pré-clínico maior, antes de buscar aprovação para um ensaio clínico piloto em humanos.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica European Journal of Cardio-Thoracic Surgery (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Bristol (em inglês).
Notícias relacionadas

Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Hospital Universitário Onofre Lopes da UFRN