
Divulgação, Escola de Medicina Icahn em Monte Sinai
Dra. Camila Coelho (à esquerda) e Dra. Raianna Fantin
Fonte
Marcus Vinicius dos Santos, UFMG
Publicação Original
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Resumo
Pesquisadoras brasileiras com doutorado pela UFMG lideraram um estudo nos EUA – que envolveu dezenas de pesquisadores de mais de 20 instituições – que conseguiu identificar um alvo inédito que pode viabilizar tratamentos e vacinas contra a infecção por mpox.
Agora, a equipe de pesquisa busca parceiros interessados em licenciar a tecnologia e avançar para os testes clínicos de fase I em humanos.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Desde 2022, a mpox é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como emergência de saúde pública global.
Naquele ano, foram registrados 135 mil casos, com cerca de 200 mortes, em 130 países, incluindo o Brasil, um dos mais afetados fora da África.
A infecção é causada pelo vírus MPXV, que é da mesma família da varíola, uma das doenças mais letais do século 20.
Estudo
Recentemente, pesquisadores desenvolveram um estudo que descreve três anticorpos humanos capazes de se ligar a uma proteína específica do vírus (A35) e bloquear sua disseminação, identificando um alvo inédito para o combate à mpox.
O estudo, publicado na revista científica Cell, envolveu dezenas de pesquisadores de mais de 20 instituições e foi liderado por duas pesquisadoras mineiras que trabalham atualmente no Centro de Pesquisa de Vacinas e Preparação para Pandemias da Escola de Medicina Icahn em Monte Sinai, nos EUA.
A Dra. Raianna Fantin é a primeira autora do estudo e doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), enquanto sua orientadora nos Estados Unidos, a Dra. Camila Coelho, é a autora sênior do estudo e doutora pelo Programa de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da UFMG.
Nós isolamos três anticorpos monoclonais humanos potentes que reconhecem a proteína A35 do vírus mpox. Esses anticorpos bloquearam a disseminação viral em ensaios in vitro e protegeram camundongos contra infecções letais, tanto de mpox quanto de vaccinia, um vírus da mesma família. Observamos ainda que pessoas que tiveram mpox e se recuperaram produzem naturalmente anticorpos que reconhecem a mesma região da proteína A35. Esse ponto é fundamental, porque indica que a resposta imune natural se alinha ao que encontramos em laboratório, e isso se traduziu em evolução clínica mais favorável para os pacientes
Resultados
O avanço científico abre caminho para o desenvolvimento de tratamentos antivirais e vacinas contra toda a família desse vírus, a orthopoxvírus.
A Dra. Erna Geessien Kroon, professora do Departamento de Microbiologia da UFMG e coordenadora do INCT Pox, disse que a estratégia baseada em anticorpos monoclonais “abre caminho para terapias mais eficazes e direcionadas a populações vulneráveis, como pessoas que vivem com o vírus HIV”.
Também professora da UFMG, a Dra. Jordana dos Reis destacou que a tecnologia usada já foi testada com sucesso in vitro e em animais. “A liderança de cientistas formadas na UFMG é motivo de orgulho e evidencia a força da ciência brasileira no cenário internacional”, avaliou a professora Jordana.
Já temos a patente aprovada. Agora buscamos parceiros interessados em licenciar a tecnologia e avançar para os testes clínicos de fase I em humanos. Mas o processo até esse anticorpo ser testado em humanos e ser licenciado pode durar alguns anos. Isso requer grande investimento financeiro, clínico e científico
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Cell (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.
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