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Instituto GIGA, Universidade de Liège
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Resumo
A partir da análise de tumores humanos e modelos experimentais, pesquisadores descobriram que a proteína mioferlina é altamente expressa no tecido que envolve e protege as células cancerígenas no pâncreas.
Os pesquisadores descobriram que a mioferlina facilita o transporte de um receptor específico para o interior das células, que desempenha um papel importante na sinalização que estimula a fibrose tumoral.
Quando a mioferlina foi bloqueada – geneticamente ou farmacologicamente – a fibrose diminuiu significativamente, o que tornou o tumor mais suscetível ao tratamento.
Foco do Estudo
Por que é importante?
No câncer de pâncreas, o ambiente tumoral particularmente denso, também chamado de estroma, é formado por tecido fibroso que protege o tumor e promove sua progressão.
Esse ‘escudo’ é composto em grande parte pelos chamados fibroblastos associados ao câncer (FACs), células que participam ativamente do crescimento tumoral e da produção da matriz proteica fibrosa.
Estudo
Recentemente, uma equipe de pesquisa liderada pelo Dr. Olivier Peulen, professor da Universidade de Liège, na Bélgica, investigou o papel de uma proteína específica – a mioferlina – no microambiente tumoral em casos de câncer de pâncreas.
Ao analisar tumores humanos e modelos experimentais, os pesquisadores descobriram que a mioferlina é altamente expressa no estroma, o tecido que envolve e protege as células cancerígenas: quanto mais mioferlina estiver presente no estroma, mais forte será o escudo fibroso e pior será o prognóstico do paciente.
O estudo foi publicado na revista científica The EMBO Journal.
A abundância de mioferlina no estroma está correlacionada com o aumento da desmoplasia tumoral e a diminuição da sobrevida do paciente
Resultados
Usando análises de sequenciamento de RNA de célula única, a equipe de pesquisa conseguiu demonstrar que a mioferlina é expressa em diferentes tipos de CAFs, com um papel particularmente crucial nos fibroblastos associados ao câncer (FACs) do tipo miofibroblástico (myFACs). Quando essa proteína é removida, “a produção, a migração e a contratilidade da matriz extracelular” dos FACs diminuem; em outras palavras, a produção do escudo fibroso é menos eficiente e os FACs se tornam muito menos agressivos.
Biologicamente, os pesquisadores identificaram um mecanismo específico: a mioferlina facilita o transporte do receptor TGFβ (TGFBR1) para o interior das células. Esse receptor desempenha um papel importante na sinalização que estimula a fibrose tumoral.
“A mioferlina facilita o transporte dependente de COPII do receptor TGFβ do retículo endoplasmático para o complexo de Golgi”, explicou o professor Olivier Peulen.
Quando a proteína está ausente, o transporte é interrompido: a sinalização do TGFβ entra em colapso e os genes responsáveis pela produção da matriz extracelular não são mais ativados.
Os pesquisadores testaram então o que acontece quando a mioferlina é bloqueada, seja geneticamente ou farmacologicamente. Em ambos os casos, a fibrose diminuiu significativamente nos tumores.
“A deleção genética da mioferlina nas células estromais e sua inibição farmacológica reduzem a fibrose tumoral sem afetar a massa tumoral”, explicou o Dr. Raphaël Peiffer, primeiro autor do estudo.
O resultado mostra que é possível enfraquecer o escudo fibroso do câncer sem alimentar o próprio tumor.
Os pesquisadores destacaram que a mioferlina funciona como um ‘regulador-chave do tráfego vesicular em FACs’, o que abre caminho para uma abordagem inovadora: reprogramar o estroma tumoral em vez de destruí-lo.
Ao agir no tecido ao redor do tumor, essa nova estratégia poderia tornar o câncer de pâncreas mais vulnerável aos tratamentos existentes e até mesmo permitir o uso de tratamentos anteriormente reservados para tumores menos fibróticos — um avanço promissor na luta contra um dos tipos de câncer mais agressivos.
Ter como alvo a mioferlina pode representar uma estratégia inovadora para modular o microambiente tumoral e mitigar a desmoplasia no câncer de pâncreas
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse o artigo científico completo (em inglês).
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Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Liège (em inglês).
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