
Fonte
Universidade de Barcelona
Publicação Original
Áreas
Resumo
A alta concentração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) no sangue pode facilitar a ocorrência de aterosclerose, que pode comprometer a função cardiovascular.
Para que as moléculas de colesterol LDL deixem o sangue e sejam transportadas para as células, diminuindo sua concentração plasmática, é necessário o apoio de receptores celulares de LDL (LDLR): ele ‘abrem as portas’ das células para que o colesterol LDL seja captado do sangue.
Nos últimos anos, descobriu-se que a proteína PCSK9 reduz o número de receptores LDLR disponíveis nas células, o que faz com que o colesterol LDL não seja captado e permaneça circulante no sangue, causando hipercolesterolemia.
Como uma das alternativas para inibir a expressão da proteína PCSK9, os cientistas apostam em uma família de proteínas chamadas PPRHs.
Neste estudo, os pesquisadores usaram as moléculas HpE9 e HpE12 – que são tipos de PPRHs – para inibir a proteína PCSK9. Com a PCSK9 reduzida, os receptores de LDL nas células não ficam comprometidos e voltam a ajudar na captação do colesterol LDL para as células, diminuindo sua concentração no sangue.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Altos níveis sanguíneos de colesterol LDL, o chamado colesterol ‘ruim’ – facilitam a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos, o que pode aumentar consideravelmente o risco de eventos cardiovasculares indesejados e levar ao comprometimento da função cardíaca.
Assim, estratégias terapêuticas que ajudem a diminuir os níveis de colesterol LDL circulante podem contribuir de maneira importante para a redução de doenças cardiovasculares e de eventos como infartos e derrames.
Estudo
Uma equipe de pesquisadores desenvolveu uma estratégia para inibir a expressão da PCSK9 (proproteína convertase subtilisina/kexina tipo 9), uma proteína com papel decisivo na modulação dos níveis plasmáticos de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o chamado colesterol ‘ruim’.
O novo método, baseado no uso de moléculas conhecidas como proteínas reativas à polipurina (PPRHs), ajuda as células a capturar o colesterol e evita que ele se acumule nas artérias sem causar os efeitos colaterais dos medicamentos mais comuns à base de estatinas.
A pesquisa, publicada na revista científica Biochemical Pharmacology, foi liderada por especialistas da Faculdade de Farmácia e Ciências da Alimentação e do Instituto de Nanociência e Nanotecnologia da Universidade de Barcelona, na Espanha, em colaboração com pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon (OHSU), nos EUA.
A PCSK9 é uma enzima que surgiu na última década como um alvo terapêutico para reduzir doenças cardiovasculares e melhorar o metabolismo lipídico. Essa proteína se liga seletiva e competitivamente ao receptor celular ao qual as lipoproteínas de baixa densidade aderem (LDLR, ou receptor de LDL).
Portanto, a PCSK9 reduz o número de receptores disponíveis para LDL nas células, o que aumenta o nível de colesterol ligado ao LDL circulando no plasma sanguíneo e, por fim, causa hipercolesterolemia.
Desde que a PCSK9 foi definida como um alvo significativo na terapia de redução do colesterol plasmático, várias abordagens terapêuticas foram desenvolvidas para reduzir ou bloquear sua ação. Por exemplo, silenciamento genético com siRNA, oligonucleotídeos antisense ou a técnica CRISPR.
A tecnologia PPRH surge como uma abordagem terapêutica inovadora baseada em ácido nucleico que é eficaz, econômica e fácil de desenvolver para a inibição de PCSK9
Resultados
Como alternativa, as proteínas PPRHs também podem inibir a expressão do gene PCSK9, o que evita o comprometimento dos receptores LDLR e aumenta a captação de colesterol LDL pelas células. Como resultado, os níveis circulantes de colesterol e o risco de aterosclerose diminuem.
O estudo revelou pela primeira vez como as moléculas de PPRH chamadas HpE9 e HpE12 inibem a proteína PCSK9 e aumentam os níveis do receptor de LDL nas células. A nova técnica terapêutica foi validada in vivo em camundongos transgênicos que expressam o gene humano PCSK9.
“No caso de camundongos transgênicos, uma única injeção de HpE12 reduz os níveis plasmáticos de PCSK9 em 50% e os níveis de colesterol em 47% no terceiro dia”, observou a Dra. Verónica Noé, professora da Universidade de Barcelona.
“As PPRHs, especialmente a HpE12, são oligonucleotídeos terapêuticos com inúmeras vantagens, como estabilidade e ausência de imunogenicidade, além de baixo custo de síntese. Além disso, essa abordagem baseada em PPRH contra PCSK9 não acarretaria efeitos colaterais como as miopatias descritas no caso das estatinas”, concluíram os especialistas.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Biochemical Pharmacology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Barcelona (em espanhol).
Notícias relacionadas
Universidade de Valência
Universidade Federal de Minas Gerais