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Fonte
Felipe Veras, Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
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Resumo
Uma tese de doutorado da UFMG usou dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) para analisar a ocorrência de sintomas depressivos em idosos que vivem em cidades no Brasil.
A prevalência de sintomas depressivos foi de 34,09% – 43,8% entre as mulheres e 24,5% entre os homens.
A desordem física na vizinhança, não viver em um bairro agradável, a ocorrência de poluição sonora e a sensação de insegurança na vizinhança também tiveram impacto significativo sobre os sintomas depressivos.
O estudo destacou que as mulheres, a população negra e as pessoas com menor renda são mais suscetíveis a serem afetadas por sintomas depressivos nas cidades, e o poder público pode contribuir com intervenções que auxiliem um envelhecimento mais saudável, como no caso das ‘cidades amigas dos idosos’.
Uma tese de doutorado defendida recentemente no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) analisou a percepção de idosos brasileiros residentes em áreas urbanas em relação às suas vizinhanças e à associação com a ocorrência de sintomas depressivos.
O estudo do professor Pablo Roccon indicou que o envelhecimento da população urbana traz desafios complexos, já que as condições físicas e sociais das grandes cidades podem ser fatores propulsores do adoecimento e da ocorrência de sintomas depressivos na população de adultos mais velhos.
O pesquisador utilizou dados da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), que entrevistou mais de 7 mil residentes de cidades brasileiras com 50 anos ou mais, em uma amostra nacional representativa realizada entre 2015 e 2016.
O professor Pablo Roccon identificou que, entre os idosos participantes, a prevalência de sintomas depressivos foi de 34,09% – 43,8% entre as mulheres e 24,5% entre os homens.
O estudo mostrou que idosos que perceberam desordem física na vizinhança ou avaliaram não viver em um bairro agradável apresentaram prevalência de sintomas depressivos de 22% e 24%, respectivamente, em comparação àqueles que não relataram essas mesmas condições.
Resultado semelhante foi observado entre os participantes que identificaram poluição sonora ou que haviam sido vítimas de furto, roubo ou invasão domiciliar: a prevalência de sintomas depressivos atingiu 27% entre os que relataram ruído no ambiente e 31% entre as vítimas de violência.
A sensação de insegurança na vizinhança também teve impacto significativo – sobretudo entre as mulheres –, refletindo-se em uma prevalência de sintomas depressivos de 12%.
A própria década do envelhecimento saudável da ONU reconhece a importância do ambiente residencial, do bairro e da cidade. O que a gente precisa é ampliar essa intervenção sobre o contexto e o ambiente urbano, com foco na promoção do envelhecimento saudável
O professor também analisou a coesão social, isto é, o senso de comunidade e de confiança entre os vizinhos. Entre os idosos que afirmaram não perceber coesão social na vizinhança onde vivem, a prevalência de sintomas depressivos alcançou 26%.
Para o pesquisador, é preciso reconhecer que a vivência nas cidades e a exposição a ambientes urbanos têm impactos significativos na saúde de pessoas mais velhas. Segundo ele, políticas globais, como a promoção das ‘cidades amigas dos idosos’, podem ser eficazes no esforço de repensar o planejamento urbano com foco na promoção do envelhecimento saudável.
A pesquisa também investigou as diferenças de gênero, raça e renda nas percepções sobre as vizinhanças. O professor identificou que as mulheres apresentaram maior prevalência de relatos de percepção da ausência de coesão social e de problemas de mobilidade.
Em relação à cor e à renda, o pesquisador identificou que adultos mais velhos pretos e pardos, assim como aqueles com menor renda, relataram com maior frequência a presença de desordem física e insegurança e ausência de coesão social, quando comparados aos idosos brancos e de maior renda.
Na avaliação do recém-doutor, esses resultados podem indicar que mulheres, pretos e pardos e a população com renda menor vivem em vizinhanças em piores condições físicas e sociais, o que suscita a necessidade de atenção do poder público e de mais investigações.
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Autores/Pesquisadores Citados
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