
Dr. Akihiro Ishizu, Universidade Hokkaido
Neutrófilos formadores de armadilhas extracelulares (NETs). O DNA que emerge dos neutrófilos ativados para o espaço extracelular está corado com Sytox Green (em verde), um corante de DNA impermeável à membrana plasmática
Fonte
Naoki Namba, Universidade Hokkaido
Publicação Original
Áreas
Resumo
Quando o sistema imunológico falha e oferece respostas que acontecem no local errado e na hora errada, os rins estão entre os órgãos que mais sofrem.
No Japão, pesquisadores publicaram um estudo de revisão sobre os efeitos de respostas imunológicas hiperativas – por parte dos neutrófilos e das armadilhas extrecelulares de neutrófilos (NETs) – sobre várias doenças que podem atingir os rins.
O estudo sugere que o gerenciamento de neutrófilos e NETs pode levar a uma grande mudança na forma como as doenças renais são tratadas.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Os neutrófilos estão entre as primeiras células imunológicas a responder a ‘ataques externos’ contra o corpo humano. Eles dispõem de armas poderosas para capturar e eliminar essas ameaças, sendo uma das mais importantes as armadilhas extracelulares de neutrófilos, as chamadas NETs.
As NETs são estruturas semelhantes a teias, feitas de DNA e proteínas, que agem como redes adesivas, capturando micróbios e impedindo sua disseminação.
Embora as NETs desempenhem um papel importante no combate a infecções, cientistas descobriram que elas também podem causar danos graves se produzidas no local errado ou na hora errada. Potencialmente, essa situação não desejada pode acontecer nos rins, onde o excesso de NETs ou a eliminação inadequada dessas teias pode desencadear inflamação e causar danos aos tecidos.
Estudo
Um novo estudo de revisão, publicado na revista científica Nature Reviews Nephrology, destacou o papel que os neutrófilos e as armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs) desempenham em uma ampla gama de doenças renais.
Quando o sistema imunológico falha na regulagem adequada das NETs, a inflamação resultante pode lesionar os delicados vasos sanguíneos e os sistemas de filtração dos rins. Com o tempo, isso pode contribuir para o desenvolvimento de diversas condições graves, incluindo vasculite associada aos anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA), nefrite lúpica, microangiopatia trombótica, doença renal diabética e nefropatia por cristais.
“Os neutrófilos geralmente estão lá para nos proteger, mas nessas doenças, eles parecem ser parte da causa do problema”, destacou o professor Ishizu. “Sabemos há anos que a inflamação é uma parte importante da doença renal, mas o que estamos vendo agora é que os neutrófilos e os NETs são mais do que meros participantes passivos. Eles estão ativamente piorando os danos, e isso nos dá novas maneiras de pensar sobre o tratamento”, continuou o professor.
O estudo foi liderado pelo Dr. Akihiro Ishizu, professor da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Hokkaido, no Japão, e contou com a colaboração de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Hokkaido e do Hospital da Universidade Hokkaido.
O mais empolgante é que, ao investigar as vias específicas que causam NETs e danos aos tecidos, poderemos oferecer aos pacientes um tratamento melhor com menos efeitos colaterais. Esperamos que, à medida que mais ensaios clínicos avancem, as terapias que têm como alvo os neutrófilos ajudem a retardar ou até mesmo interromper a progressão da doença renal
Resultados
Pesquisadores estão explorando diversas estratégias diferentes para evitar que os neutrófilos causem danos. Uma abordagem se concentra em bloquear os sinais químicos que ativam os neutrófilos em primeiro lugar. Um desses sinais é uma molécula chamada C5a, que pode causar inflamação. Medicamentos como o avacopan, que bloqueiam o receptor C5a, já demonstraram resultados promissores em estudos clínicos para vasculite e devem se tornar mais amplamente utilizados.
Outra estratégia envolve impedir a formação de NETs. Cientistas estão desenvolvendo medicamentos que bloqueiam as enzimas e proteínas dentro dos neutrófilos responsáveis pela construção dessas teias de DNA. A esperança é que a prevenção da formação de NETs interrompa o ciclo de inflamação e lesão que leva à insuficiência renal.
Pesquisadores também estão trabalhando em maneiras de ajudar o corpo a eliminar as NETs de forma mais eficiente. Enzimas como DNase I e DNase1L3 podem quebrar as teias de DNA, mas as NETs alteradas pela doença podem ser mais difíceis de degradar. Entender como superar esse problema é uma área ativa de pesquisa.
A revisão sugere que o gerenciamento de neutrófilos e NETs pode levar a uma grande mudança na forma como as doenças renais são tratadas. Até agora, os médicos têm recorrido principalmente a medicamentos imunossupressores gerais, o que pode deixar os pacientes vulneráveis a infecções e outras complicações.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Nature Reviews Nephrology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Hokkaido (em inglês).
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