
Fonte
Elton Alisson, Agência FAPESP
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em mesa redonda durante a 77ª Reunião Anual da SBPC, que ocorreu recentemente em Recife, cientistas destacaram a ocorrência e os efeitos do prolongamento da estação seca no bioma Amazônia, principalmente sobre a saúde das árvores e o equilíbrio da floresta.
Mais seca e temperaturas mais altas elevam as demandas metabólicas das árvores, o que pode resultar em maiores perdas de carbono por meio da respiração, afetar negativamente a fotossíntese e causar danos estruturais nas folhas e até a morte de árvores mais antigas.
Esses efeitos podem provocar uma mudança na estrutura da floresta, afetando o ciclo da água.
O Bioma Amazônia convive com um aumento do estresse hídrico de suas árvores, provocado pelo prolongamento da estação seca nas últimas décadas e pela ocorrência de extremos de temperatura e desmatamento.
A constatação foi feita por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Laboratório de Sistemas Tropicais e Ciências Ambientais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e apresentada durante mesa-redonda sobre desmatamento, queimadas e ponto de não retorno do bioma amazônico durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Este ano, a reunião da SBPC foi realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife.
“A água é um elemento vital para entender a Amazônia e pensar sobre seu futuro. O bioma só existe porque tem água na região. Porém, mais da metade da floresta tem enfrentado eventos de estresse hídrico nos anos recentes”, disse a Dra. Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden e integrante da coordenação do Laboratório de Sistemas Tropicais e Ciências Ambientais do Inpe.
De acordo com a pesquisadora, entre 50% e 60% das chuvas que ocorrem na Amazônia são resultantes da água evaporada do oceano e trazida para o continente, onde é capturada pela floresta e lançada novamente para a atmosfera pelo processo de evapotranspiração, permitindo que seja dispersada por todo o bioma e para outras regiões do Brasil e da América do Sul.
A redução das chuvas, o aumento da temperatura e o prolongamento da estação seca que têm sido observados na Amazônia nos últimos 40 anos podem levar ao aumento da mortalidade de árvores. Temos feito estudos e medições de campo que mostram que há grandes árvores morrendo durante a estação seca
A redução das chuvas e o aumento da temperatura durante a estação seca observados nos últimos 40 anos na Amazônia, contudo, podem reduzir a ciclagem regional da água pela floresta. Além disso, o aumento da temperatura do ar eleva as demandas metabólicas das árvores, o que pode resultar em maiores perdas de carbono por meio da respiração.
As temperaturas mais altas também podem afetar negativamente a fotossíntese das árvores por meio do aumento da fotorrespiração e causar danos estruturais nas folhas, destacou a pesquisadora.
“Quando começa a ter mortalidade maior dessas árvores [mais antigas], que pegam a água do solo da floresta por meio de raízes mais profundas e jogam para a atmosfera, isso significa que esse sistema de ciclagem da água está sendo minado. Com isso começa a ter uma possível mudança na estrutura da floresta, que também influencia no ciclo hidrológico”, continuou a pesquisadora.
Um estudo em andamento indicou um aumento da duração da estação seca na Amazônia entre 2000 e 2023. De acordo com resultados do trabalho, em revisão, 63% da região passou em 2015 por estresse hídrico. Em 2016, o número oscilou para 51% e em 2023 aumentou para 61%.
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