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Saúde pública e mudanças climáticas: desde 2014, casos de picadas de escorpião quase triplicam no Brasil
9 de maio de 2025, 11:05

Fonte

Jean Silva e Luiza Caires, Jornal da USP

Publicação Original

Áreas

Atenção Primária, Bioquímica, Cidades, Farmacologia, Farmácia Clínica, Mudanças Climáticas, Saneamento, Toxicologia, Vigilância Sanitária

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Resumo

Diversas regiões do mundo são afetadas pelo escorpionismo, o processo de envenenamento causado pela picada do escorpião. Em especial, as Américas, Brasil, Paraguai, Bolívia, México, Guianas e Venezuela tiveram um aumento alarmante nas últimas décadas.

Mas diferenças podem ser observadas nas estatísticas, dependendo da região: no Brasil, a região Sudeste apresenta os maiores números de casos notificados entre 2014 e 2023, com 580.013 casos (49,5% do total), seguida pela região Nordeste, com 439.033 casos (37,5%).

“A real dimensão deste problema é provavelmente muito maior do que as estatísticas registradas sugerem”, destacaram pesquisadores em um artigo de opinião publicado recentemente na revista científica Frontiers in Public Health.

Com base em um levantamento de dados de pesquisas recentes sobre o tema com hipóteses para causas e projeção para os próximos dez anos, a Dra. Eliane Arantes, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP) e autora sênior do artigo, e a Dra. Manuela Pucca, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e primeira autora da publicação, chamaram à atenção sobre essa possível crise de saúde pública causada pelo escorpionismo. De 2014 a 2023, os casos aumentaram em mais de 250% com 1.171.846 casos notificados no período, e as projeções indicam aumento contínuo, com estimativa de 2.095.146 casos até 2033.

Segundo as pesquisadoras, a picada de escorpião pode ser muito lesiva e perigosa para crianças, idosos e pessoas com comorbidades cardíacas, e a mortalidade por volta de 0,06% pode subestimar a relevância do problema.

Na maioria dos casos, os escorpiões vivem na rede de esgoto das cidades e isso não depende da higiene residencial das pessoas. “Nos últimos anos, o crescimento foi exponencial. É uma crise silenciosa, porque não está recebendo a atenção devida”, alertou a Dra. Manuela Pucca em entrevista ao Jornal da USP.

Com a urbanização rápida e desordenada, encontrar diferentes gêneros de escorpião tornou-se comum devido ao acúmulo de lixo e ao saneamento inadequado. Os aracnídeos podem sobreviver 400 dias sem alimento e são bem adaptados ao ambiente urbano quente e escuro nas redes de esgoto.

As mudanças climáticas, com verões mais quentes e períodos alternados de chuvas intensas e seca, também facilitam a proliferação das populações das espécies.

Em geral, o soro antiescorpiônico não está disponível nas unidades de saúde privadas, e por isso o mais adequado é buscar atendimento com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo telefone 192 para saber onde encontrá-lo na rede pública em casos de emergência.

Os sintomas da picada de escorpião incluem dor intensa, vermelhidão, inchaço e sudorese no local da picada, além de náuseas, vômitos, taquicardia, dificuldade respiratória e ou até mesmo choque nos casos mais graves.

Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas. 

Autores/Pesquisadores Citados

Professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara
Professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP)

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