
Min Yu, USC Norris Comprehensive Cancer Center via NCI/NIH Visuals Online
Células cancerígenas pancreáticas (núcleos em azul) cercadas por membranas (em vermelho)
Fonte
Anne Trafton, MIT News
Publicação Original
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Resumo
Partindo do desafio de encontrar novos alvos terapêuticos para combater o câncer de pâncreas, pesquisadores identificaram cerca de 500 peptídeos crípticos encontrados apenas em tumores pancreáticos que podem ser alvos para novas imunoterapias.
Os pesquisadores também conseguiram gerar células T direcionadas a esses peptídeos, que foram capazes de atacar organoides de tumores pancreáticos derivados de células de pacientes e retardaram significativamente o crescimento tumoral em um estudo com camundongos.
Foco do Estudo
Por que é importante?
O câncer de pâncreas tem uma das menores taxas de sobrevivência entre todos os tipos de câncer — cerca de 10% dos pacientes sobrevivem por cinco anos após o diagnóstico.
A maioria dos pacientes com câncer de pâncreas é tratado com cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Tratamentos de imunoterapia, como inibidores de bloqueio de ponto de verificação, que são projetados para ajudar a estimular as células T do próprio corpo a atacar as células tumorais, geralmente não são eficazes contra tumores pancreáticos.
No entanto, terapias que utilizam células T projetadas para atacar tumores têm se mostrado promissoras em estudos clínicos.
Estudo
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e do Instituto de Câncer Dana-Farber, nos EUA, descobriram que uma classe de peptídeos expressos em células de câncer de pâncreas pode ser um alvo promissor para terapias com células T e outras abordagens que atacam tumores pancreáticos.
Chamadas de peptídeos crípticos, essas moléculas são produzidas a partir de sequências no genoma que não se acreditava codificarem proteínas. Esses peptídeos também podem ser encontrados em algumas células saudáveis, mas neste estudo, os pesquisadores identificaram cerca de 500 peptídeos deste tipo que parecem ser encontrados apenas em tumores pancreáticos.
Os pesquisadores também conseguiram gerar células T direcionadas a esses peptídeos. Essas células T foram capazes de atacar organoides de tumores pancreáticos derivados de células de pacientes e retardaram significativamente o crescimento tumoral em um estudo com camundongos.
O Dr. Tyler Jacks, professor de Biologia no MIT e membro do Instituto Koch para Pesquisa Integrativa de Câncer, e o Dr. William Freed-Pastor, médico-cientista do Instituto de Câncer Dana-Farber e professor da Escola Médica de Harvard, são os autores sêniores do estudo, publicado na revista Science.
Terapias que implantam células T projetadas para atacar tumores envolvem a programação do receptor de células T (TCR) para reconhecer um peptídeo específico, ou antígeno, encontrado nas células tumorais. Há muitos esforços em andamento para identificar alvos mais eficazes e, neste estudo, os pesquisadores encontraram alguns antígenos promissores que consistem em proteínas mutadas que frequentemente aparecem quando os genomas do câncer de pâncreas são sequenciados.
O câncer de pâncreas é um dos cânceres mais desafiadores de tratar. Este estudo identifica uma vulnerabilidade inesperada nas células do câncer de pâncreas que podemos explorar terapeuticamente
Resultados
Usando amostras de tumores de cerca de doze pacientes, os pesquisadores criaram organoides — estruturas tridimensionais que replicam parcialmente a estrutura do pâncreas. A análise imunopeptidômica, liderada pela Dra. Jennifer Abelin e pelo Dr. Steven Carr, pesquisadores do Instituto Broad, indicou que a maioria dos novos antígenos encontrados nos organoides tumorais eram antígenos crípticos. Peptídeos crípticos já foram observados em outros tipos de tumores, mas esta é a primeira vez que foram encontrados em tumores pancreáticos.
Cada tumor expressou uma média de cerca de 250 peptídeos crípticos e, no total, os pesquisadores identificaram cerca de 1.700 peptídeos crípticos.
Os pesquisadores então realizaram uma análise de tecidos saudáveis para verificar se algum desses peptídeos crípticos era encontrado em células normais. Eles descobriram que cerca de dois terços deles também foram encontrados em pelo menos um tipo de tecido saudável, restando cerca de 500 que pareciam estar restritos a células de câncer pancreático.
“Esses são os que acreditamos que podem ser alvos muito bons para futuras imunoterapias”, destacou o Dr. William Freed-Pastor.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
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Mais Informações
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