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Resumo
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) obtiveram um aporte de R$ 20 milhões do Ministério da Saúde para dar início à fase final de testes do soro antiapílico, que trata o envenenamento por abelhas africanizadas, ou Apis mellifera.
O trabalho será conduzido pela equipe do Centro de Ciência Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos (CTS), um Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Com tecnologia 100% nacional, o biofármaco começou a ser desenvolvido há mais de uma década por cientistas do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP) da Unesp em Botucatu.
As chamadas abelhas africanizadas – resultado do cruzamento entre abelhas-africanas e europeias – se tornaram uma das espécies mais comuns no país. Por um lado, são as principais responsáveis pela produção de mel no Brasil; por outro, estão frequentemente envolvidas em acidentes com seres humanos.
As ocorrências variam desde picadas leves, que causam apenas dor local e inchaço, até reações sistêmicas graves. Isso ocorre por causa da sensibilidade do indivíduo aos componentes do veneno ou pela ocorrência de múltiplas picadas, levando a dificuldades para respirar, choques, tremores e insuficiência renal, entre outros sintomas.
“Infelizmente nós não temos hoje, na rede de saúde, um antídoto específico para esses acidentes. O atendimento com drogas para controlar a dor, inflamação e alergia é o protocolo padrão realizado em qualquer hospital. No entanto, a ausência de um tratamento específico torna esses casos mais graves, podendo levar à morte”, ressaltou o Dr. Rui Seabra Ferreira Junior, coordenador-executivo do CEVAP.
Assim como outros soros, o antiapílico é produzido a partir da inoculação gradual do veneno de abelhas africanizadas em cavalos, estimulando a produção de anticorpos no plasma sanguíneo. Em seguida, o sangue é coletado, o plasma é purificado e, a partir dele, é elaborada a formulação do soro.
Em 2013, foi realizado um estudo clínico multicêntrico de fase I/II, que comprovou a segurança e a eficácia preliminar do soro. Participaram 20 voluntários adultos, com idade média de 44 anos, expostos a um número de picadas que variou de 7 a 2 mil. Não foram registrados efeitos adversos graves e todos os pacientes apresentaram melhora clínica. A patente do soro antiapílico foi deferida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no início de 2023.
Agora, a próxima etapa é a realização de estudos clínicos de Fase III, com a participação de 150 a 200 pacientes. A aprovação do financiamento no âmbito do edital de 2024 do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde, em setembro, viabilizou a fase final dos testes do soro, depois da qual será possível solicitar o registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e obter a autorização para a produção comercial e para o Sistema Único de Saúde (SUS).
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse a notícia original completa publicada na página da Agência FAPESP.
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