
João P. Burini via Wikimedia Commons
Riacho na Mata Atlântica
Fonte
Tiago Marconi, UFSCar
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores caracterizaram cinco teias alimentares individuais de riacho na Mata Atlântica usando uma abordagem hierárquica unificando três fontes de informação: análise de conteúdo intestinal, compilação de literatura e dados de isótopos estáveis.
Com dados sobre biomassa em nível populacional e massa corporal medida individualmente, foi aplicado um modelo bioenergético e avaliada a estabilidade da teia alimentar.
Então, os pesquisadores avaliaram a resiliência do sistema a extinções de espécies individuais usando simulações e investigaram os padrões de rede associados a sistemas com maior estabilidade.
Foco do Estudo
Por que é importante?
As teias alimentares retratam a complexidade de interações tróficas associadas ao funcionamento de um ecossistema.
Entender os mecanismos que fornecem estabilidade a essas teias alimentares é vital para os esforços de conservação e o gerenciamento de sistemas naturais.
Estudo
Uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Journal of Animal Ecology analisou a complexidade e a diversidade das teias alimentares em riachos da Mata Atlântica.
O estudo foi liderado pelo Dr. Victor Satoru Saito, professor no Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com a participação de pesquisadores da UFSCar, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em colaboração com pesquisadores da Universidade Queen Mary de Londres, da Universidade de Hertfordshire, e da Universidade de Roehampton, no Reino Unido.
Os pesquisadores identificaram 1352 invertebrados de 54 grupos taxonômicos diferentes, 332 peixes de 12 espécies e insetos. Foram analisadas cinco teias alimentares.
A partir de coletas de amostras de peixes, invertebrados e outros materiais em cinco riachos em Cananéia, no litoral sul de São Paulo, os pesquisadores analisaram o conteúdo estomacal dos animais e a presença de isótopos estáveis de nitrogênio, para determinar estatisticamente as teias alimentares mais prováveis para o sistema.
Com a ajuda de modelos teóricos de metabolismo, a equipe verificou se havia energia suficiente para sustentar todas as populações encontradas.
Finalmente, os pesquisadores avaliaram a resiliência do sistema a extinções de espécies individuais usando simulações e investigaram os padrões de rede associados a sistemas com maior estabilidade.
Combinamos teorias e métodos avançados para derivar uma teia alimentar energética bem resolvida da Mata Atlântica e investigar os mecanismos por trás de sua estabilidade
Resultados
Os pesquisadores observaram que, nas populações de peixes, os predadores têm indivíduos grandes que buscam se alimentar de animais em posições mais altas na teia alimentar, enquanto os invertebrados são mais versáteis e não demonstram preferências claras em relação ao tamanho das presas.
O estudo também mostrou grande complexidade nas teias alimentares, com organismos muito diversos e estratégias de sobrevivência bastante distintas, como camarões que têm parte do seu ciclo de vida no mar, larvas que se tornam mosquitos e peixes que forrageiam em diferentes trechos de riachos.
Essa complexidade, junto com a tendência de populações de climas quentes serem muito variadas, faz com que a teia alimentar seja resiliente: uma espécie não tem grande dependência de outra, não sendo significativamente afetada pela diminuição ou extinção da população de determinada espécie.
Essa estabilidade foi reforçada por cálculos estatísticos realizados pelos pesquisadores, que constataram que a soma das cinco teias alimentares analisadas seria dinamicamente estável em relação à quantidade de energia disponível para os predadores: nenhuma interação entre populações era importante o bastante para que a extinção de uma espécie levasse a outras extinções e ao colapso da teia.
Por outro lado, espécies mais generalistas, que se alimentam tanto de animais como de recursos basais (como folhas, por exemplo), são as que mais contribuem para a estabilidade das teias.
Os pesquisadores destacaram a necessidade de se compreender como a perda sistemática de biodiversidade afeta a estabilidade das teias alimentares nos riachos e como isso pode impactar o uso sustentável de recursos relacionados a eles.
Os autores destacaram que, em pesquisas futuras, será necessário investigar fatores como a latitude dos ambientes, o que possibilitaria fazer um paralelo com as mudanças climáticas.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Animal Ecology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de São Carlos.
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