
Fonte
Angelika Jacobs, Universidade de Basileia
Publicação Original
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Resumo
Em um estudo piloto com 10 crianças que passaram por cirurgia por motivos variados, pesquisadores coletaram e analisaram o ar exalado na respiração para estimar a concentração de um medicamento anestésico clássico no sangue dos pacientes.
Os pesquisadores também puderam ter ideia de como o corpo reagia à anestesia e à cirurgia analisando, no ar exalado, várias substâncias que o corpo produz em reação ao estresse oxidativo, que ocorre durante um procedimento cirúrgico.
O estudo pode abrir caminho para novos procedimentos de acompanhamento dos resultados de anestesia geral e de sucesso da cirurgia, principalmente em crianças.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A dosagem de medicamentos deve ser ajustada de forma ideal em caso de anestesia geral durante uma cirurgia. E esta não é uma tarefa fácil, especialmente para pacientes pediátricos.
Neste sentido, a análise das pequenas moléculas contidas no ar expirado pelo paciente – produtos metabólicos, medicamentos e produtos de degradação – poderia complementar a tecnologia utilizada atualmente para a definição da quantidade de anestésico dispensada ao paciente.
Estudo
Um estudo piloto recente mostrou que a análise da respiração pode ajudar a equipe de anestesia a administrar a dose ideal de anestésico durante uma cirurgia e também a determinar como o corpo reage à anestesia.
Pesquisadores liderados pelo Dr. Pablo Sinues, professor do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Basileia e do Hospital Infantil Universitário de Basileia (UKBB), na Suíça, relataram um método que considera a análise do ar expirado e pode ser usado para monitorar a anestesia geral em crianças melhor do que era possível até agora.
O anestésico propofol é usado há mais de 30 anos e é considerado um medicamento seguro para induzir e manter anestesia geral. No entanto, encontrar a dose ideal pode ser complicado, especialmente para crianças. Atualmente, altura, peso, sexo e idade são usados como um guia geral para calcular a quantidade de propofol a ser administrada a um paciente.
Mas, durante uma cirurgia, os anestesiologistas só podem deduzir quanto do medicamento chega ao cérebro, onde deve fazer efeito, com base em sinais indiretos, como sinais vitais e movimentos ou informações da atividade cerebral processada. Com base nisso, eles decidem se é necessário ajustar a dose de propofol para que a criança não sinta nada durante a cirurgia nem receba uma concentração muito alta do medicamento.
Medir as concentrações de propofol no sangue durante a cirurgia seria um bom indicador para estimar a exposição do cérebro ao anestésico. Entretanto, não há nenhum exame de sangue que possa fornecer resultados com rapidez suficiente.
Então, o professor Pablo Sinues e sua equipe, em colaboração com o Departamento de Anestesia Pediátrica do UKBB, conduziram um estudo para investigar se a análise da respiração poderia ajudar na dosagem e fornecer resultados durante a anestesia – quase em tempo real.
Os pesquisadores coletaram amostras do ar exalado e sangue a cada 30 minutos antes e durante a anestesia geral de dez crianças que tiveram que passar por cirurgia por vários motivos médicos.
O propofol é bastante volátil e pode ser facilmente medido na respiração de uma pessoa
Resultados
O Dr. Jiafa Zeng, primeiro autor do estudo, coletou o ar exalado dos pacientes anestesiados com a ajuda e orientação do anestesista responsável, Dr. Nikola Stankovic. Para coletar e transportar as amostras do ar exalado, os pesquisadores usaram sacos plásticos especialmente desenvolvidos para analisar as amostras em laboratório usando espectrometria de massa. As amostras de sangue foram analisadas por pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique nos dias e semanas seguintes a cada anestesia individual.
A comparação dos valores medidos mostrou que a substância ativa e seus produtos de degradação puderam ser detectados de forma confiável pela respiração. Os resultados da análise da respiração apresentaram uma boa correlação em relação às concentrações sanguíneas.
A análise da respiração também revelou uma gama de substâncias que o corpo produz em reação ao estresse oxidativo – o tipo de estresse típico da anestesia e intervenções cirúrgicas.
“Com esse método, podemos não apenas determinar a concentração de propofol, mas também medir como o corpo reage à anestesia e à cirurgia”, explicou o professor Pablo Sinues. Os casos muito raros em que o propofol leva a complicações, especialmente em crianças, podem ser detectados e prevenidos em um estágio inicial usando esses valores medidos.
Os resultados foram publicados na revista científica Anesthesiology.
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