
Fonte
Mayra Malavé-Malavé, IFF/Fiocruz
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em um estudo transversal em que foram analisadas amostras de leite materno de 66 mulheres vacinadas contra a COVID-19 com duas ou mais doses de vacinas, dentre as diferentes tecnologias de vacinas disponíveis, pesquisadores avaliaram a presença de anticorpos maternos que poderiam proteger os bebês contra a COVID-19 em casos de amamentação exclusiva e não exclusiva.
Os resultados mostraram a importância da amamentação exclusiva na proteção dos bebês, visto que o leite de mães que ofereceram amamentação exclusiva tinha mais anticorpos protetores do que o leite de mães que não ofereceram amamentação exclusiva.
Foco do Estudo
Por que é importante?
No Brasil, a vacinação de bebês menores de seis meses ainda não está disponível, o que torna a amamentação uma ferramenta crucial para a proteção das crianças.
Apesar das recomendações de amamentação materna exclusiva para bebês até seis meses de idade, muitas mães acabam introduzindo outro tipo de alimentação já nesta fase.
Mas a amamentação pode influenciar diretamente a transferência de anticorpos da mãe para o bebê, ajudando a protegê-lo contra doenças infecciosas como a COVID-19.
Estudo
Um novo estudo, realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou os benefícios da amamentação exclusiva no fortalecimento da imunidade dos bebês contra a COVID-19.
O estudo revelou que mães vacinadas contra a COVID-19 que amamentam exclusivamente seus bebês transferem níveis mais elevados de anticorpos neutralizantes para o leite humano, protegendo seus filhos contra infecção pelo SARS-CoV-2.
O estudo transversal, publicado na revista científica Nutrients, analisou o leite materno de 66 mulheres vacinadas com duas ou mais doses (93,5% das participantes receberam três ou mais doses) de diferentes tecnologias de vacinas contra a COVID-19, que amamentaram exclusivamente ou não.
Os anticorpos neutralizantes presentes no leite humano são uma defesa natural e eficaz contra o vírus, e a amamentação exclusiva potencializa essa proteção. (…) O estudo confirma o papel vital da amamentação na transferência de imunidade passiva, e estamos fortalecendo as evidências científicas de que a vacina tem impacto positivo na proteção não apenas das mães, mas também dos bebês
Resultados
Os resultados do estudo mostraram que mães que amamentaram exclusivamente apresentaram 22,6% de anticorpos neutralizantes no leite, contra 16,1% nas mães que não amamentaram exclusivamente. Não houve diferença significativa nos resultados entre mães que receberam duas ou três doses de vacina.
Os pesquisadores destacaram que a tecnologia das vacinas (mRNA, Vírus Inativado ou Vetor Viral Não Replicante) não influenciou a quantidade de anticorpos neutralizantes presentes no leite humano, indicando que, independentemente do tipo de vacina recebida, a amamentação continua a ser uma prática essencial para proteger os bebês contra a COVID-19.
“Os resultados representam um importante avanço no entendimento da imunidade passiva transferida por meio da amamentação e reforçam a recomendação dessa prática de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida”, afirmou a Dra. Maria Elisabeth Moreira, médica pediatra e líder da pesquisa.
O estudo traz dados valiosos que podem influenciar as políticas públicas de saúde e ajudar a reforçar as campanhas de incentivo à amamentação. A importância da imunização das mães e da amamentação exclusiva nunca evidencia um caminho seguro e eficaz para a proteção dos bebês.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Fundação Oswaldo Cruz.
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