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Fonte
Aurélie Boucher, Universidade McGill
Publicação Original
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Resumo
Um estudo recente sobre a manipulação psicológica e o abuso emocional envolvidos no chamado gaslighting propôs um novo modelo teórico para explicar como manipuladores conseguem fazer com que suas vítimas questionem seu próprio senso de realidade ao longo do tempo.
Usando o conceito de minimização de erros de predição, os pesquisadores sugerem que o gaslighting pode ser visto como um processo de aprendizagem.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Com os objetivos de criar dependência e aumentar o controle e o poder sobre outra pessoa, um agressor pode promover manipulação psicológica e abuso emocional para distorcer a realidade da vítima, levando-a a duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.
Esse é o chamado gaslighting, em que o agressor faz com que a vítima negue a si mesma, através da desvalorização de sentimentos, inversão de culpa, criação de dúvidas e provocação de isolamento.
O gaslighting costuma ser comum em relacionamentos amorosos, mas também faz vítimas em relações familiares ou mesmo no ambiente de trabalho.
Estudo
Segundo Willis Klein, doutorando no Departamento de Psicologia da Universidade McGill, no Canadá, o chamado ‘gaslighting’ – um tipo de manipulação psicológica e abuso emocional em que o agressor tenta distorcer a realidade da vítima, levando-a a duvidar de si mesma – pode acontecer com qualquer pessoa que confie na pessoa errada.
Willis Klein fez parte de uma equipe da Universidade McGill e da Universidade de Toronto que desenvolveu um novo modelo teórico para explicar como manipuladores conseguem fazer com que seus alvos questionem seu próprio senso de realidade ao longo do tempo.
De acordo com os pesquisadores, embora o gaslighting tenha sido um tópico popular de discussão na esfera pública nos últimos anos, o conceito ainda não foi investigado suficientemente do ponto de vista científico.
Willis Klein é o autor principal de um artigo que sugere que o gaslighting pode ser visto como um processo de aprendizagem, a partir do conceito de minimização de erros de predição (MEP). A MEP descreve como a mente mapeia as informações que recebe do mundo e se esforça, com base nessas informações, para prever o futuro, ajustar suas expectativas e responder ao ambiente.
O estudo foi publicado na revista científica Personality and Social Psychology Review.
Em nosso modelo, não há necessariamente nada específico sobre o alvo do gaslighting que o torne particularmente vulnerável. Em essência, pode acontecer com qualquer pessoa, desde que confie na pessoa errada
Resultados
“Quando você confia ou ama alguém, espera que essa pessoa se comporte de uma determinada maneira. Gaslighters, em nossa visão, se comportam de uma maneira atípica, um tanto surpreendente, e usam essa surpresa para direcionar o aprendizado das pessoas que almejam”, explicou Willis Klein.
Segundo o pesquisador, um gaslighter costuma se mostrar surpreso e sugere que a causa da sua surpresa tem algo a ver com sua compreensão geral da realidade, fazendo com que a vítima se sinta o que ele chama de ‘epistemicamente incompetente’: “Isso se repete continuamente até que a vítima realmente tenha assimilado a ideia de que não tem uma boa compreensão da [sua própria] realidade”, destacou o pesquisador.
O modelo desenvolvido pelos pesquisadores também se baseia na ideia de que uma pessoa depende de outras – especialmente das pessoas próximas – para formar o senso de identidade e realidade. Isso, combinado com a visão do gaslighting como um processo de aprendizagem, significa que qualquer pessoa pode ser vítima de gaslighting, de acordo com Willis Klein.
Klein disse acreditar que pesquisas futuras sobre o assunto podem, no entanto, revelar que algumas características pessoais podem afetar a suscetibilidade de uma pessoa ao gaslighting, como certos estilos de apego ou um histórico de trauma. Ele disse esperar que pesquisas futuras também possam validar vários componentes do modelo e levar a um melhor suporte para pessoas que foram vítimas de gaslighting.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Personality and Social Psychology Review (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade McGill (em inglês).
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