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Universidade de Glasgow
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Resumo
Uma equipe de pesquisa internacional avançou na identificação de um possível alvo terapêutico para o tratamento da artrite reumatoide: as células dendríticas mieloides do tecido sinovial.
Usando transcriptômica espacial, os pesquisadores observaram diferenças no comportamento das células dendríticas entre pessoas que terão crises de artrite e aquelas que não terão.
A descoberta pode motivar novos estudos com foco nestas células como alvo do tratamento, mantendo a remissão da doença.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Cerca de 1% da população mundial é afetada pela artrite reumatoide, uma condição debilitante e dolorosa que geralmente começa em adultos entre 40 e 60 anos de idade e é mais comum em mulheres do que em homens.
No Brasil, um estudo de 2021 publicado na revista científica Ciência e Saúde Coletiva apontou uma prevalência de 0,48%, mas estudos anteriores apontam variações regionais entre 0,2% e 1%.
Embora os tratamentos tenham melhorado, muitas pessoas apresentam crises imprevisíveis. Enquanto para alguns pacientes, a artrite se estabiliza após o término do tratamento, 50% dos pacientes apresentam uma crise dentro de semanas ou meses após a interrupção do tratamento.
Estudo
Novas descobertas destacaram o potencial de usar células dendríticas como marcadores precoces para prever um surto de artrite reumatoide, abrindo caminho para que mais pacientes alcancem a remissão da doença.
O estudo, publicado na revista científica Immunity, foi liderado por pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, em conjunto com pesquisadores do Policlínico Universitário A. Gemelli IRCCS em Roma, na Itália, e contou com a participação de pesquisadores da Escola Médica de Harvard, do Brigham and Women’s Hospital e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e também da Universidade Newcastle, no Reino Unido.
A equipe de pesquisa examinou tecidos de articulações de pacientes com artrite reumatoide usando uma nova técnica chamada transcriptômica espacial, que permite a identificação precisa de localizações celulares individuais.
Os pesquisadores descobriram uma diferença crucial no comportamento das células dendríticas mieloides do tecido sinovial, entre pessoas que provavelmente terão crises de artrite e aquelas que não terão.
As células dendríticas possuem um papel de capturar e processar informações de outras células do corpo. Essas células-chave são responsáveis por ‘investigar’ ameaças potenciais e, então, ativar ou suprimir outras células imunológicas, as células T.
Em pacientes em remissão da doença, sem surtos, as células dendríticas fazem o trabalho de suprimir as células T. Por outro lado, quando a artrite está ativa, as células dendríticas parecem migrar do sangue para as articulações, causando inflamação e danos articulares ao instruir o ataque de células T.
Avanços recentes na tecnologia nos permitem examinar o tecido em alta resolução, identificando interações específicas de célula a célula que causam patologias. Isso ajuda a identificar a causa de doenças, como crises, antes que elas comecem
Resultados
Em pacientes com risco de crises, células dendríticas foram detectadas no sangue semanas antes do reaparecimento da doença, sugerindo que essas células poderiam ser usadas como biomarcadores – ou potenciais alvos de tratamento – para ajudar a manter as pessoas em remissão.
“Ao usar esta nova tecnologia, os pesquisadores são capazes de olhar com mais detalhes do que nunca as células responsáveis pela inflamação na articulação. Isso significa que estamos mais perto de usá-las como marcadores para prever quando as crises dolorosas ocorrerão, o que ajudará as pessoas a controlar melhor sua artrite reumatoide”, disse a Dra. Caroline Aylott, chefe de resultados de pesquisa na Versus Arthritis, uma instituição sem fins lucrativos do Reino Unido que cofinanciou o estudo.
Os pesquisadores esperam que suas descobertas possam abrir caminho para encontrar novos tratamentos que tenham como alvo as células dendríticas no sangue antes que os surtos ocorram, permitindo que mais pessoas com artrite reumatoide permaneçam em remissão.
Esperamos que esta pesquisa seja o primeiro passo para encontrar novas maneiras de ajudar mais pacientes com artrite e otimizar seu tratamento, permitindo que eles permaneçam sem sintomas e em remissão após sua jornada terapêutica
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Autores/Pesquisadores Citados
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