Notícia com publicação científica
Estudo clínico avaliou uso de cardioversor desfibrilador implantável em pacientes com doença de Chagas
Estudo clínico aberto e randomizado de longo prazo mostrou a efetividade do dispositivo na redução de casos de morte súbita

Leonardo M. Lustosa via Wikimedia Commons

Trypanosoma cruzi

21 de outubro de 2024, 08:35

Fonte

Ligia Gabrielli, Unifesp

Publicação Original

Universidade Federal de São Paulo

Áreas

Bioeletrônica, Bioengenharia, Cardiologia, Cirurgia, Engenharia Biomédica, Epidemiologia, Hematologia, Medicina, Microbiologia, Parasitologia, Sistemas de Controle

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Resumo

Tendo em mente a prevenção de casos de morte súbita em pacientes com doença de Chagas, pesquisadores realizaram um estudo clínico controlado com a finalidade de comparar a efetividade de um cardioversor desfibrilador implantável com o tratamento com amiodarona em pacientes com a doença.

Depois de analisar os dados do estudo clínico com duração de 7 anos, os pesquisadores mostraram a efetividade e a importância do uso do dispositivo eletromédico na prevenção de casos de morte súbita em pacientes com doença de Chagas.

Foco do Estudo

Verificar se o Cardioversor Desfibrilador Implantável é mais eficaz do que a terapia com amiodarona para prevenção primária de mortalidade por todas as causas em pacientes com cardiomiopatia chagásica crônica.

Por que é importante?

A doença de Chagas, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, é considerada um problema de saúde pública na América Latina: afeta cerca de 6 a 7 milhões de pessoas, sendo aproximadamente 2 a 3 milhões de casos no Brasil.

A enfermidade, que compromete igualmente homens e mulheres, é uma das principais causas de morte súbita por arritmias cardíacas na região, com estimativa de 10 mil óbitos anuais.

Em meio a esse cenário, um estudo inovador, recentemente publicado na revista científica Jama Cardiology, trouxe novas perspectivas para a prevenção desse tipo de desfecho em pacientes com doença de Chagas.

Estudo

Um estudo clínico controlado pioneiro comparou o impacto do Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI) com o uso de amiodarona na prevenção da morte súbita em casos de doença de Chagas. A amiodarona é uma medicação frequentemente utilizada para controlar arritmias em pacientes com doença de Chagas.

O estudo foi liderado pelo Dr. Martino Martinelli-Filho, diretor de Unidade Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor-HCFMUSP), com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e da empresa Oxon Epidemiologia, na Espanha.

O estudo clínico aberto e randomizado CHAGASICS incluiu pacientes de 13 centros no Brasil, entre os anos de 2014 e 2021. Pacientes com achados sorológicos positivos para doença de Chagas, um escore de risco de Rassi de pelo menos 10 pontos (risco intermediário a alto) e pelo menos 1 episódio de taquicardia ventricular não sustentada foram elegíveis para participar.

Os pacientes foram randomizados na proporção 1:1 para receber o CDI ou o tratamento com amiodarona.

Esse estudo é um divisor de águas ao demonstrar que, apesar de não ter reduzido a mortalidade geral, o CDI foi eficaz na diminuição da morte súbita e das hospitalizações por insuficiência cardíaca

Dr. Angelo Amato de Paola, professor de Cardiologia da Unifesp

Resultados

O CDI mostrou-se mais eficaz do que a amiodarona. O estudo revelou que o desfibrilador implantável, ao identificar e corrigir arritmias graves automaticamente, pode salvar vidas ao evitar paradas cardíacas inesperadas.

Com essa tecnologia, os(as) pacientes também apresentaram menor necessidade de internações por complicações cardíacas.

Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de investir em novas tecnologias e terapias eficazes para melhorar a qualidade de vida dos(as) pacientes e reduzir a mortalidade associada.

Segundo o Dr. Angelo Amato de Paola, professor titular da disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp – Campus São Paulo), os resultados abrem caminho para novas abordagens terapêuticas e reforçam a importância de estudos clínicos bem conduzidos.

A pesquisa aponta para a necessidade de expandir o acesso à tecnologia do CDI na rede pública de saúde, oferecendo uma opção mais eficaz e segura para pacientes com doença de Chagas, além de estabelecer uma base sólida para futuros estudos e incentivar a continuidade das pesquisas sobre a doença de Chagas.

A implementação do Cardioversor Desfibrilador Implantável em maior escala pode representar uma mudança significativa na redução de mortes evitáveis e na melhoria dos cuidados cardíacos.

É fundamental continuar investindo em pesquisa para que possamos oferecer aos(às) pacientes o melhor tratamento disponível e, assim, promover mais saúde e qualidade de vida para aqueles(as) acometidos(as) por essa doença negligenciada

Dr. Angelo Amato de Paola, professor de Cardiologia da Unifesp

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Autores/Pesquisadores Citados

Dr. Martino Martinelli-Filho

Diretor de Unidade Clínica do Incor-HCFMUSP

Dr. Angelo Amato de Paola

Professor da disciplina de Cardiologia da Escola Paulista de Medicina/Unifesp

Instituições Citadas

Publicação

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a revista científica JAMA Cardiology (em inglês).

Mais Informações

Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de São Paulo

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