
Olena Yakobchuk via Shutterstock
Fonte
Danika Landry, CHU Sainte-Justine e Universidade de Montreal
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Resumo
Um estudo realizado no Canadá analisou a relação entre dieta, microbiota intestinal e inflamação e pode transformar o tratamento de crianças com colite ulcerativa ou doença de Crohn.
Os pesquisadores identificaram que uma dieta pró-inflamatória altera a microbiota intestinal: uma dieta rica em carne vermelha e alimentos ultraprocessados, e pobre em fibras, vitaminas e minerais, foi associada à diminuição da diversidade bacteriana e ao aumento do número e da virulência da bactéria E. coli.
Os pesquisadores também conduziram o primeiro estudo pediátrico randomizado sobre os efeitos da inulina na microbiota, no qual crianças com doença inflamatória intestinal consumiram inulina diariamente por oito semanas, em conjunto com seu tratamento habitual.
Agora, os cientistas querem identificar marcadores biológicos para prever quais crianças responderão favoravelmente a esse tipo de tratamento, o que poderia ser um passo importante da medicina de precisão para o tratamento da doença inflamatória intestinal em crianças.
Foco do Estudo
Estudo
Uma pesquisa liderada pela Dra. Jessica Breton – gastroenterologista pediátrica do Centro Hospitalar Universitário Sainte-Justine e professora do Departamento de Pediatria da Universidade de Montreal, no Canadá – analisou a relação entre dieta, microbiota intestinal e inflamação e pode transformar o tratamento de crianças com colite ulcerativa ou doença de Crohn.
Enquanto os tratamentos atuais têm foco principalmente no sistema imunológico, a pesquisadora está explorando uma via complementar e promissora: e se a dieta se tornasse um componente essencial do tratamento para doenças inflamatórias intestinais?
Em um estudo publicado no início de 2025 na revista científica Journal of Crohn’s and Colitis, a Dra. Jessica Breton demonstrou que uma dieta pró-inflamatória altera a microbiota intestinal, mas apenas em crianças com doença inflamatória intestinal. Uma dieta rica em carne vermelha e alimentos ultraprocessados, e pobre em fibras, vitaminas e minerais, foi associada à diminuição da diversidade bacteriana e ao aumento do número e da virulência da bactéria E. coli, conhecida por seus efeitos nocivos no intestino em casos de doença de Crohn.
Por outro lado, jovens que preferiam uma dieta ao estilo mediterrâneo — centrada em frutas, vegetais e alimentos minimamente processados — apresentavam um microbioma mais rico e menos suscetível à E. coli.
Além de uma reformulação completa da dieta, é possível introduzir nutrientes específicos que tenham um efeito benéfico na microbiota intestinal? Essa é a questão de pesquisa que norteia atualmente a professora Jessica Breton ao estudar a inulina, uma fibra prebiótica naturalmente presente em certas plantas.
O microbioma é geralmente estável e resiliente, mas em pessoas com doença inflamatória intestinal, torna-se vulnerável a fatores ambientais. É por isso que uma alimentação saudável, embora benéfica para todos, é ainda mais crucial para pessoas com colite ulcerativa ou doença de Crohn
Resultados
“Concentrei minha análise nas fibras alimentares porque elas nutrem as bactérias intestinais capazes de metabolizá-las e atuam como um verdadeiro fertilizante para a microbiota”, explicou a pesquisadora.
Para avaliar os efeitos da inulina na microbiota, a Dra. Jessica Breton conduziu o primeiro estudo pediátrico randomizado sobre o assunto, no qual crianças com doença inflamatória intestinal consumiram inulina diariamente por oito semanas, em conjunto com seu tratamento habitual.
Análises metagenômicas e metabolômicas de amostras de fezes revelaram maior diversidade bacteriana em crianças que consumiram inulina, incluindo um aumento nas bactérias produtoras de butirato – uma molécula conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e seu papel protetor no revestimento intestinal.
No entanto, esses efeitos não persistiram após a interrupção do uso de inulina, o que destaca a importância da ingestão contínua e a longo prazo para alcançar benefícios duradouros.
Uma segunda fase do projeto está em andamento, com o objetivo de identificar marcadores biológicos para prever quais crianças responderão favoravelmente a esse tipo de tratamento. Em última análise, essa abordagem visa adaptar as intervenções ao perfil único de cada paciente, a fim de priorizar abordagens terapêuticas mais eficazes.
A pesquisa abre caminho para abordagens terapêuticas mais direcionadas e eficazes para crianças com doença inflamatória intestinal. Em vez de se limitar a tratamentos convencionais focados no sistema imunológico, poderia ser adotada uma estratégia combinada que também incorpora a modulação da microbiota.
Por meio de uma abordagem personalizada e integrativa, o trabalho se enquadra na chamada ‘Medicina de Precisão’, que visa adaptar o cuidado ao perfil de cada paciente, a fim de melhorar de forma sustentável a qualidade de vida de crianças afetadas por doença inflamatória intestinal.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Crohn's and Colitis (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Montreal (em francês).
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