
Dr. Cássio Alencar Nunes, Universidade Lancaster
Floresta primária queimada na Amazônia brasileira, aproximadamente um ano após os incêndios de 2023.
Fonte
Comunicação UFLA
Publicação Original
Áreas
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Resumo
Um novo estudo internacional avaliou os impactos das modificações humanas sobre a diversidade de árvores na Amazônia.
Considerando mais de 55 mil árvores de diferentes tamanhos em 215 parcelas distribuídas por duas regiões da Amazônia Oriental, os pesquisadores mostraram que as perturbações humanas provocam mudanças abrangentes nessas comunidades de árvores hiperdiversas.
A exploração seletiva de madeira e incêndios em florestas primárias, além do corte raso seguido da regeneração florestal após o abandono da terra, foram algumas das modificações de origem humana com alto impacto sobre a biodiversidade da floresta.
Foco do Estudo
Por que é importante?
As florestas tropicais estão entre os maiores reservatórios de biodiversidade do planeta.
Por exemplo, a Amazônia abriga até 16 mil espécies de árvores, e um único hectare frequentemente contém mais de 300 espécies. Em comparação, o Reino Unido possui apenas 32 espécies nativas de árvores, e toda a Europa tem cerca de 450 espécies.
Nas últimas duas décadas, os cientistas têm desenvolvido métodos para medir mudanças na biodiversidade das florestas tropicais, criando abordagens que utilizam características das plantas – como espessura da casca, densidade da madeira, área foliar e conteúdo de micronutrientes das folhas – para então entender a ligação entre as espécies e suas funções no ecossistema.
Os pesquisadores também têm utilizado métodos filogenéticos, que avaliam como as espécies se relacionam entre si através da evolução.
Estudo
Um estudo internacional, publicado na revista científica Global Change Biology, revelou que o impacto humano sobre a Amazônia é tão profundo que está inclusive alterando a história evolutiva e a funcionalidade das florestas.
Conduzido por uma equipe de pesquisadores do Brasil e do Reino Unido, incluindo cientistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e também da Universidade Lancaster e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a pesquisa mostrou que as perturbações humanas — como a exploração seletiva de madeira e incêndios em florestas primárias, ou o corte raso seguido da regeneração florestal após o abandono da terra (florestas secundárias) — provocam mudanças abrangentes nessas comunidades de árvores hiperdiversas.
O estudo considerou mais de 55 mil árvores de diferentes tamanhos em 215 parcelas distribuídas por duas regiões da Amazônia Oriental. As parcelas representavam uma variedade de impactos humanos — desde florestas primárias intactas até florestas primárias que haviam sido exploradas seletivamente, florestas que foram exploradas e queimadas, e florestas secundárias.
Em cada parcela, os cientistas mediram a diversidade de espécies de árvores, a diversidade funcional (relacionando os traços das árvores às funções ecológicas que elas desempenham nas florestas), bem como a diversidade filogenética (grupos evolutivos das árvores dentro das florestas). Isso permitiu obter uma visão abrangente da composição e da diversidade ecológica das florestas.
À medida que a Amazônia enfrenta crescentes pressões humanas, conservar as florestas primárias intactas é essencial — não apenas por seu potencial de armazenamento de carbono, mas também para preservar a profunda herança evolutiva que moldou um dos ecossistemas mais diversos do planeta
Resultados
Os cientistas descobriram que todas as perturbações humanas — incluindo a exploração seletiva de madeira, incêndios florestais e o corte raso seguido de regeneração — afetaram negativamente todas as medidas de diversidade de árvores.
Os resultados destacaram que até atividades consideradas como manejo sustentável, como a exploração seletiva de madeira, têm impactos profundos na diversidade das árvores, que constituem a estrutura da floresta e representam a principal fonte de energia para uma infinidade de outras espécies.
As florestas secundárias regeneradas após o desmatamento foram as mais distintas ecologicamente e evolutivamente em relação às florestas primárias intactas — o que, segundo os pesquisadores, não é surpreendente, já que o corte raso é a forma mais severa de alteração humana em florestas tropicais.
As descobertas ressaltam os impactos prejudiciais das atividades humanas sobre a diversidade das florestas tropicais e a importância de proteger as áreas intactas remanescentes contra a exploração seletiva de madeira e os incêndios.
Florestas primárias perturbadas e florestas secundárias apresentaram menor número de espécies de árvores, mas também menos linhagens evolutivas e tipos funcionais. No entanto, não foi apenas o número que diminuiu — a identidade das espécies, linhagens e tipos funcionais também mudou após a perturbação. A perturbação não apenas empobrece a diversidade de árvores, mas também altera a composição das espécies nas florestas amazônicas modificadas pelo homem. Um exemplo disso é que encontramos uma maior prevalência de espécies chamadas ‘pioneiras’ e muito menos das espécies maiores e de crescimento lento, típicas das florestas intactas
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Global Change Biology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de Lavras.
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