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Ali Howard, Universidade de Glasgow
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Resumo
Um novo estudo histórico quantificou a extensão do impacto global da doença renal crônica, uma condição associada a problemas de saúde de longo prazo e, em alguns casos, morte prematura.
Os cientistas analisaram 2.230 artigos de pesquisa publicados e conjuntos de dados nacionais de saúde em 133 países. Além de buscar padrões em diagnósticos e mortalidade, a equipe examinou o impacto da incapacidade causada pela doença renal crônica.
O estudo mostrou que cerca de 14% dos adultos no mundo têm doença renal crônica. Os casos variam de leves, que podem ser assintomáticos, aos estágios mais graves, que exigem diálise ou transplante renal. No Brasil, a prevalência da doença está entre 12% e 15% dos adultos.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A doença renal crônica (DRC) é uma condição de longo prazo na qual os rins não funcionam adequadamente. Embora possa afetar qualquer pessoa, a doença está frequentemente associada ao envelhecimento e é mais comum em pessoas negras ou de origem sul-asiática.
Em comparação com pessoas sem a doença, aquelas com DRC têm maior probabilidade de serem hospitalizadas, desenvolver complicações durante a internação e também de serem readmitidas posteriormente.
Apesar do aumento de casos e dos graves impactos na saúde, muitas pessoas com DRC desconhecem essa condição. Os estágios iniciais da doença são frequentemente assintomáticos, o que a torna uma das doenças mais difíceis de diagnosticar precocemente.
Nos estágios mais avançados da doença, os pacientes invariavelmente precisam de diálise e/ou transplante renal.
A DRC é reconhecida pelas Nações Unidas como um grande desafio global de saúde e, em maio deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou formalmente a doença renal crônica à sua agenda com a finalidade de reduzir em um terço as mortes prematuras por doenças não contagiosas até 2030.
Para combater a epidemia, especialistas afirmam que, em primeiro lugar, é necessário um entendimento atualizado das tendências populacionais.
Estudo
O número de pessoas com doença renal crônica (DRC) está aumentando, e a doença já é a nona principal causa de morte no mundo, responsável por cerca de 1,5 milhão de óbitos por ano.
Os dados são de um novo estudo histórico, publicado na revista científica The Lancet, que quantificou a extensão do impacto global da DRC, uma condição associada a problemas de saúde de longo prazo e, em alguns casos, morte prematura.
Liderado por uma equipe internacional de pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, da Escola de Medicina da Universidade de Nova York e da Universidade de Washington, nos EUA, o estudo é a estimativa mais abrangente da doença em quase uma década, com dados globais sobre DRC de 1990 a 2023.
O Dr. Patrick Mark, professor de Nefrologia da Universidade de Glasgow, que também atua como Nefrologista Consultor no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), foi um dos líderes da pesquisa.
A investigação foi conduzida como parte do estudo ‘Carga Global de Doenças’ (GBD) 2023, o esforço mais abrangente do mundo para monitorar a perda de saúde ao longo do tempo. Essas descobertas são amplamente utilizadas para orientar a formulação de políticas e fundamentar pesquisas globais em saúde.
Para o estudo, os cientistas analisaram 2.230 artigos de pesquisa publicados e conjuntos de dados nacionais de saúde de 133 países. Além de buscar padrões em diagnósticos e mortalidade, a equipe também examinou os impactos da incapacidade causada pela doença renal crônica.
O número crescente de pessoas com doença renal crônica deve servir de alerta para governos e sistemas de saúde, levando-os a considerar estratégias de rastreamento e a aumentar a conscientização pública sobre a doença renal crônica. A ascensão da doença renal à nona posição entre as principais causas de morte é particularmente preocupante. No entanto, os tratamentos para doença renal crônica melhoraram drasticamente na última década e, com o aumento da conscientização, esperamos que mais pessoas com doença renal crônica, ou em risco de desenvolvê-la, recebam tratamento precoce, prevenindo a progressão para estágios mais graves da doença
Resultados
As descobertas revelaram que cerca de 14% dos adultos no mundo têm doença renal crônica. Os casos variam de leves, que podem ser assintomáticos, aos estágios mais graves, que exigem diálise ou transplante renal.
Os pesquisadores estimaram que 788 milhões de pessoas tinham DRC em 2023, um aumento em relação aos 378 milhões em 1990. Isso representa um aumento real de 3,5% na prevalência da doença, levando em consideração o crescimento populacional global.
Os novos dados mostram que a DRC afeta, em média, 14,2% da população mundial, embora algumas regiões sejam significativamente mais afetadas do que outras. O Norte da África e o Oriente Médio são as regiões com maior prevalência, em torno de 18%. No Brasil, o estudo estimou a prevalência entre 12% e 15% dos adultos.
Em 2023, a DRC foi a nona principal causa de morte no mundo, sendo responsável por 1,48 milhão de óbitos, um aumento de mais de 6% desde 1993, após considerar as diferenças demográficas por idade entre os países ao longo do tempo.
Além disso, 11,5% das mortes cardiovasculares também foram associadas à disfunção renal, tornando a DRC um fator de risco para outras causas importantes de morte prematura.
Nosso trabalho mostra que a doença renal crônica é comum, mortal e está se agravando como um importante problema de saúde pública. Essas descobertas reforçam os esforços para reconhecer a doença, ao lado do câncer, das doenças cardíacas e dos problemas de saúde mental, como uma prioridade para os formuladores de políticas em todo o mundo
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Autores/Pesquisadores Citados
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